ANÁLISE DO AUTOR SOBRE O INTERROGATÓRIO DO BISPO INQUISIDOR – DEPOIMENTO DO PADRE PIO:
“O inquisidor faz algumas perguntas sobre a relação com o diretor espiritual, o Padre Benedetto. Depois, trata de dois temas de caráter sobrenatural: os escrutínios do coração — que o Padre Pio reconhece possuir — e as bilocações. Afirma o capuchinho: Não sei como é e nem de que natureza é, e também não lhe dou importância; mas apercebi-me de ter presente esta ou aquela pessoa, este ou aquele lugar; não sei se a minha mente é transportada para lá ou (se) alguma representação do lugar ou da pessoa se me apresentou; não sei se [estive presente] com o corpo ou sem o corpo. Mas como se dá esse fenômeno? O Padre Pio conta: "Ordinariamente me aconteceu enquanto orava: minha atenção dirigia-se primeiro para a oração e, depois, para essa representação; por fim, de repente, encontrava-me como antes". O visitador quer esclarecer isso melhor e pede ao padre que descreva episódios concretos. O capuchinho conta o caso de uma senhora doente, Maria de San Giovanni Rotondo: "Dirigi-lhe palavras de conforto; ela pedia-me que orasse pela sua cura. Isso em essência". Outro caso, ao contrário, refere-se a uma bilocação para solicitar uma conversão: "Um homem (por discrição, o Padre Pio não diz o nome) me foi apresentado ou eu me apresentei a ele, em Torre Maggiore — estando eu no convento —, e repreendi-o e censurei-o pelos seus vícios, exortando-o a converter-se. Depois disso, esse homem veio também aqui".” [pág. 81]
INVESTIGAÇÃO DO BISPO INQUISIDOR DO SANTO OFÍCIO RAFFAELLO CARLO ROSSI:
“...é necessário considerar que, até prova em contrário, esses fatos têm consistência e chegaram ao nosso conhecimento por duas vias: por parte dos que testemunham ter visto o padre e falado com ele, e também por parte de padre Pio, que confirma o ocorrido, garantindo que nunca tinha falado nada com ninguém e que só agora (em juízo) o referiu pela primeira vez. Portanto, nem sequer se pode recear um acordo prévio entre as duas partes. Conclusão. [...] No que diz respeito às chamadas "bilocações", ter-se-ia, ao contrário, o apoio do depoimento jurado de Padre Pio, depoimento que, até prova em contrário, deve ser considerado sincero, porque a impostura e o perjúrio contrastariam demasiadamente com a vida e virtude do próprio padre. Nem — ainda até prova em contrário —parece que se possa admitir nele uma ilusão grave e continuada, porque ele é tão calmo, sereno e equilibrado na sua vida, que leva a crer que nada de anormal haverá no seu espírito.” [pág. 144/146]
PRIMEIRO DEPOIMENTO DO PADRE LORENZO DE SAN MARCO IN LAMIS, SUPERIOR DOS CAPUCHINHOS DE SAN GIONAVVI ROTONDO, DIA 16/06/1921, ÀS 9HS:
“P.: Tem conhecimento das bilocações atribuídas ao Padre Pio? R.: Contam-se fatos, mas não sei quais são realmente verdadeiros, porque com relação a isso sou um pouco cético. Diz-se que havia aparecido, em San Giovanni, a uma mulher doente, casada com um empresário do ramo automobilístico, às 10 horas da noite, e que lhe havia dito que seria curada se o marido, blasfemo , se convertesse. No dia seguinte, o marido veio, confessou-se e a mulher teria sido curada. Também em Bolonha teria aparecido a uma mulher que queimara uma mão e corria risco de ter gangrena, porque sofria de diabetes: o Padre Pio haveria prometido a cura em nove ou dez dias, e assim teria ocorrido. Noutro lugar — em Torre Maggiore, Província de Foggia —, houve um forneiro que, por não conseguir acender o forno, começou a praguejar até contra esse novo santo, o Padre Pio. O padre teria aparecido para ele e, em seis horas, o forno se acendera.” [pág. 203/204]
TERCEIRO DEPOIMENTO DO PADRE PIO DE PIETRELCINA, CAPUCHINHO, DIA 16/06/1921, ÀS 16:30HS:
“P.: Também se fala de bilocações. Que diz disso? Resposta: Não sei como e nem de que natureza é e, muito menos, lhe dou importância; mas apercebi-me de ter presente esta ou aquela pessoa, este ou aquele lugar; não sei se a mente é transportada para lá ou alguma representação do lugar ou da pessoa se me apresentou; não sei se estive presente com o corpo ou sem o corpo. P.: Percebeu quando tal estado se iniciava e, depois, notou ter voltado ao normal? Resposta: Ordinariamente, aconteceu-me enquanto orava, a minha atenção dirigia-se primeiro para a oração e, depois, para essa representação; por fim, de repente, encontrava-me como antes. P.: Exponha fatos particulares. Resposta: Uma vez, de noite, encontrei-me junto do leito de uma enferma: a Senhora Maria de San Giovanni Rotondo; eu estava no convento, creio que orava. Terá sido há mais de um ano. Dirigi-lhe palavras de conforto: ela pedia-me que orasse pela sua cura. Isso em essência. Particularmente, eu não conhecia essa pessoa; tinha-me sido recomendada. Outro caso. Um homem (por discrição, o Padre Pio não diz o nome) foi-me apresentado ou eu me apresentei a ele, em Torre Maggiore — estando eu no convento e repreendi-o e censurei-o pelos seus vícios, exortando-o a converter-se, e, depois, esse homem veio aqui. Creio que aconteceram outros casos; mas esses são os que tenho lembrança. P.: Contou a outros esses pressupostos casos de bilocação? Resposta: Não, de modo algum. É a primeira vez que os relato nesses termos. Parece que nem sequer os dei a conhecer ao diretor espiritual, porque nunca me senti confuso. Essas pessoas falaram-me sobre isso, mas mantive uma atitude reservada; não o neguei nem afirmei.” [pág. 264/265]
SEXTO DEPOIMENTO DO PADRE PIO DE PIETRELCINA, CAPUCHINHO, DIA 20/06/1921, ÀS 16:30HS:
“P.: Confirma o caso já deposto de se ter encontrado com a doente senhora Massa de San Giovanni Rotondo, embora permanecesse no convento? R.: Sim, confirmo-o. [...] Confirmo que me encontrei com ela.”[pág. 284]