Santa Catarina de Sena (Itália, 1347-1380). Obra: "O Diálogo. Editora Paulus. 1ª edição. 14ª impressão. 2015. São Paulo. 409p." Resposta de Deus à Santa Catarina: “Quem me ama, procura ser útil ao próximo. Nem poderia ser de outra maneira, dado que
o amor por mim e pelo próximo são uma só coisa. Tanto alguém ama o próximo, quanto me ama, pois de mim se origina o amor do outro. O próximo, eis o meio que vos dei para praticardes e manifestardes a virtude que existe em vós. Como nada podeis fazer de útil para mim, deveis ser de utilidade ao homem.”
[pág. 39]“Eu vos peço que me ameis com a mesma caridade com que vos amo. Tal coisa não podeis realizar diretamente a meu respeito, pois eu vos amei antes de ser amado. Qualquer ato de amor vosso por mim é devido, não gratuito; sois obrigados a me querer bem. Eu amo-vos espontaneamente, sem qualquer obrigação.
Não, reIativamente a mim não tendes a possibilidade de cumprir o amor que peço! Para isso, dei-vos um meio: o próximo. Com referência a ele podeis fazer o que é impossível para comigo, podeis amá-lo gratuitamente, sem interesses pessoais. Ora, considero feito a mim o que fazeis para os homens. Foi isso que meu Filho deu a entender a Paulo que perseguia os cristãos, dizendo-lhe: “Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 9,4); meu Filho considerava realizada contra mim a perseguição feita contra os cristãos.”
[pág. 137/138]“Reage, amando-me naquele “meio” (2.7) que vos dei, o próximo; nele todas as virtudes são praticadas. Todas as qualidades que vos dei, destinam-se ao benefício dos outros, em geral e em particular. É vossa obrigação amar com o mesmo puro amor que eu vos amo. Não sois capazes de praticá-lo para comigo, já que vos amei antes de ser por vós amado. Meu amor não tem justificação; amo antes. Foi tal dileção que levou a criar-vos à minha imagem e semelhança. Sim,
amor igual não podeis manifestar relativamente a mim; praticai-o para com os homens. Amando-os sem serdes amados, amando-os sem interesses espirituais e materiais; amando-os unicamente para o louvor do meu nome; amando-os porque são amados por mim.
É desse modo que cumprireis o mandamento de “amar-me sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”.
[...] ...não é possível cumprir o mandamento de amar-me sem cumprir o mandamento de amar o próximo. Eles (os dois amores) são os dois pés que levam à vivência dos mandamentos e dos conselhos dados por meu Filho crucificado.”
[pág. 182/183] Santa Edith Stein (Alemanha, 1891-1942). Obra: "Edith Stein: Na força da Cruz. Editora Cidade Nova. 3ª edição. São Paulo. 2008. Coleção Clássicos da Espiritualidade. 107p." (pág. 70/71) “
Nosso amor ao homem é a medida do nosso amor a Deus. Mas trata-se de outro amor que não o amor natural ao homem. O amor natural vale para essa ou aquela pessoa a quem estamos ligados por laços de sangue, ou pela afinidade do caráter, ou nos aproximamos por interesses comuns. Os outros são "estranhos", que "não nos dizem respeito", eventualmente até antipáticos pelo seu modo de ser; tanto que queremos a maior distância possível deles. Para os cristãos não existe "pessoa estranha". Ele é sempre o próximo, que está diante de nós e mais precisa de nós; não importa se é parente ou não, se "gostamos" dele ou não, se ele é "moralmente digno" de ajuda ou não. O amor de Cristo não conhece limites, nunca termina, não recua ante a feiura e a sujeira. Ele veio por causa dos pecadores e não por causa dos justos. E quando o amor de Cristo vive em nós, fazemos como Ele e vamos atrás das ovelhas perdidas.“