Santa Catarina de Sena (Itália, 1347-1380). Obra: "O Diálogo. Editora Paulus. 1ª edição. 14ª impressão. 2015. São Paulo. 409p." Resposta de Deus à Santa Catarina: “Já que desprezaram meu perdão, com justiça mando-os ao castigo (Mt 25,41), juntamente com a escrava sensualidade e o tirano demônio, a quem na sensualidade serviam. Já que solidariamente me ofenderam, juntos serão punidos e atormentados.
Os próprios demônios, encarregados por mim de cumprir a sentença de justiça, atormentá-los-ão.”
[pág. 91]“
Sirvo-me do demônio qual instrumento de minha justiça para atormentar os que me ofendem. Nesta vida o coloquei qual tentador, molestando os homens. Não para que estes sejam vencidos, mas para que conquistem a vitória e o prêmio pela comprovação das virtudes. Ninguém deve temer as possíveis lutas e tentações do demônio. Fortaleci os homens, dei-lhes energia para a vontade no sangue de Cristo.
Demônio ou criatura alguma conseguem dobrar a vontade. Ela vos pertence, é livre. Vós, pelo livre arbítrio, é que escolheis o querer ou não querer alguma coisa.”
[pág. 100]“...entende que a tentação é permitida por mim, vê que o demônio é fraco e nada pode além daquilo que lhe permito. Aliás,
é por amor, não por maldade, que permito as tentações; desejo a vossa vitória, não a derrota. Quero que me conheçais e vos conheçais, atingindo uma virtude provada, pois o bem é comprova do em seu contrário.
Como vês, os demônios são encarregados por mim de atormentar os condenados ao inferno e de provar a virtude dos que se acham nesta existência. Tal não é a intenção dos demônios, pois nada fazem por amor.”
[pág. 101]“Criei-os para que me louvassem, para que participassem de meu esplendor. Cheios de orgulho, rebelaram-se e decaíram, foram privados de minha visão.
Já que não me dão glória pelo amor, aproveito-os como instrumentos para exercitar meus filhos na prática das virtudes; também como promotores da minha justiça no inferno, e ainda entre os que passam pelas penas do purgatório. Glorificam-me, não como cidadãos do céu — privados que estão da vida eterna — mas como executores da justiça junto aos condenados no inferno e aos que estão no purgatório.”
[pág. 168]