Santa Catarina de Sena (Itália, 1347-1380). Obra: "O Diálogo. Editora Paulus. 1ª edição. 14ª impressão. 2015. São Paulo. 409p." (pág. 229, 232) [Resposta de Deus à Santa Catarina:] "O corpo (eucarístico) do meu Filho é um sol; constitui uma só coisa comigo, que sou o sol. Impossível nossa separação, como acontece no sol, no qual o calor não pode ser dissociado da luz, e a luz da claridade. O sol também ilumina toda a terra sem deixar sua esfera celeste, aquecendo os seres que se expõem aos seus raios; nem se mancha a sua luz na imundície. Pois bem, o mesmo acontece com o sol-eucaristia — todo-Homem e todo-Deus."
[pág. 229]"É com tal amor que deveis aproximar-vos do sol eucarístico. Entreguei-o aos ministros, para que vo-lo distribuam como alimento; vosso proveito dependerá do desejo com que vos apresentais. Como no exemplo das pessoas que acendiam velas e saíam com chamas maiores ou menores, segundo o tamanho de suas velas, vós também recebereis o sol inteiro; mas supondo-se que não haja algum impedimento de vossa parte e da parte do ministro, participareis da luz e graça do sacramento na medida de vosso desejo santo.
Quem se aproximasse em pecado mortal, nenhuma graça receberia, embora acolha em si o todo-Deus e todo-Homem. Sabes a que se assemelha a pessoa que comunga indignamente? Se assemelha a uma vela molhada na água que apenas faz barulho ao ser encostada ao fogo; e, se por acaso acende, logo se apaga, fazendo fumaça. Sim, é isso que acontece com tal pessoa. No dia do batismo, recebeis uma vela; se depois pecais, derramais "água" em vosso íntimo, umedecendo o "pavio" de vossa graça batismal; então, sem procurar "secá-lo" por melo da penitência, ides à mesa da comunhão receber a luz do sacramento eucarístico; recebê-la-eis materialmente, não segundo o espírito. Quando o homem não possui as devidas disposições, a luz nele não permanece. Ela se afasta e a pessoa confunde-se, apaga-se, cai na escuridão,
em duplo pecado. Da comunhão, conservará apenas o remorso. Não por culpa da luz, que em si mesma não padece imperfeição; é a "água" do pecado, presente no coração, que prejudicou o amor na recepção da luz.
A luz sacramental, cheia de calor e claridade, nunca se empobrece; nem pela falta de amor do comungante, nem pelos seus pecados, nem pelos pecados do ministro [do Padre]. Como afirmei , a luz do sacramento assemelha-se ao sol, o qual ilumina objetos imundos e não se contamina, jamais perde seu fulgor, jamais se extingue. Mesmo que o mundo inteiro se alimente na luz e no calor deste sol. Ao ser distribuído pela jerarquia
[hierarquia] da santa Igreja, meu Filho não se afasta de mim, Pai e sol eterno. Ele continua sempre o todo-Deus e o todo-Homem perfeito..."
[pág. 232]