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Amor (Caridade)

 Toda boa obra tem retribuição, ainda que nesta vida terrestre, em bens materiais

Santa Catarina de Sena (Itália, 1347-1380). Obra: "O Diálogo. Editora Paulus. 1ª edição. 14ª impressão. 2015. São Paulo. 409p."

Resposta de Deus à Santa Catarina: “Gosto de ver em vós tais virtudes. Não por interesse, dado que vós não me podeis ser de utilidade. Sou aquele que sou (Ex 3, 14). Nada existe sem mim, com exceção do pecado, que é privação. O pecado priva o homem de mim, sumo Bem, ao tirar-lhe a graça. Para interesse vosso agradam-me as virtudes. Possuindo-as, terei modo de vos premiar em mim mesmo, vida duradoura que sou. Como vês, a fé dos pecadores é uma fé morta. Não possuem as obras, e as que possuem não merecem a vida eterna, devido à ausência da caridade. Assim mesmo, eles devem praticar o bem, com ou sem a graça. Toda obra boa será remunerada, como todo mal terá seu prêmio. Quando praticada no estado de graça, a boa obra merece o céu; quando feita em pecado, embora sem merecimento, terá sua paga de várias maneiras: umas vezes, concedo vida mais longa ou inspiro a meus servidores contínuas orações em favor, com o que tais pessoas se convertem, outras vezes, em lugar de vida mais longa e das orações, concedo bens materiais. Neste caso, os pecadores são como animais de engorda para o matadouro. Esses homens que sempre resistem à minha bondade, fazem, no entanto, algum bem, mesmo em seu estado de pecado. Se recusam converter-se através dos meios acima citados, com que os chamo — vida mais longa, preces — recompenso o pouco de bem que fazem; dou-lhes bens temporais, com os quais "engordam". Não havendo mesmo conversão, vão para o suplício eterno.” [pág. 107/108]

“Sua alma, em pecado mortal, não possui a graça. Mesmo assim, o homem pecador não deve deixar de praticar o bem, pois toda boa obra terá sua recompensa. A boa ação praticada em pecado mortal não merece o céu, mas é paga por minha justiça. Às vezes, darei bens materiais; outras vezes, como já disse antes ao tratar deste assunto, dou uma vida mais longa para que possa o pecador emendar-se; outras ainda, concedo a vida da graça pelos merecimentos de algum meu servidor. Foi o que fiz no glorioso apóstolo Paulo, que abandonou a infidelidade e as perseguições ao cristianismo devido às preces de santo Estêvão (At 7,60). Como vês, qualquer que seja seu estado de vida, ninguém deve deixar de fazer o bem.” [pág. 190]




Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.