Santa Catarina de Sena (Itália, 1347-1380). Obra: "O Diálogo. Editora Paulus. 1ª edição. 14ª impressão. 2015. São Paulo. 409p." (pág. 109/110) Resposta de Deus à Santa Catarina: “Em outras palavras: o cristão que possui bens, deve fazê-lo na humildade, sem orgulho, como coisa emprestada, não própria. Dou-vos os bens para o uso. Tanto possuís, quanto concedo; tanto conservais, quanto permito; e tanto permito, quanto julgo útil à vossa salvação. Tal há de ser a vossa atitude quanto ao uso dos bens materiais. Assim fazendo, o cristão obedece aos mandamentos — amando-me sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo — e conserva o coração desapegado das riquezas, afetivamente, como nada possuindo.
[...] Os cristãos da "caridade comum", embora possuam bens, vão também eles para o céu. Não são obrigados a possuir; se querem tê-los, devem comportar-se na maneira explicada.
Não é pecado ter bens. Todas as coisas são boas e foram criadas por mim para utilidade dos homens. Mas tais cristãos não devem virar escravos dos prazeres sensíveis. Se querem ter posses, façam-no; mas como dominadores delas, não como dominados. O afeto do coração deve estar em mim, não nas coisas externas; elas não pertencem aos homens, são dadas em empréstimo. Não tenho preferência por pessoas ou posições sociais; somente pelos desejos do coração. Todo homem, qualquer que seja sua condição social, tem possibilidade de agradar-me, caso possua uma vontade reta e santa.
[...] Se as pessoas desejam viver no mundo, possuir bens, ocupar altas posições sociais, casar-se, ter filhos, trabalhar por eles, façam-no. E lícito viver em qualquer posição social; contanto que se evite o veneno da sensualidade, o qual pode conduzir à morte perpétua.”