Santa Gema Galgani (Itália, 1878-1903). Obra: "Santa Gema Galgani, escrito por Padre Germano de Santo Estanislau, CP. Editora Ecclesiae. 2014. São Paulo. 342p." “...apraz-nos copiar o seguinte, tirado do relatório dado em 1901 pelo Padre Pedro Paulo; embora trate de assuntos dos quais deveremos expressamente ocupar-nos nos próximos capítulos. Referindo-se à Serva de Deus, escreve:
[...] “Por vezes, contemplei-a fora de si, em estado de êxtase. Bastava que se pusesse a rezar, ou lhe falassem em coisas espirituais, principalmente sobre a Paixão de Nosso Senhor, para logo ficar extática. Então, transfigurava-se com os olhos fixos e abertos para um determinado ponto e com o corpo imóvel, embora se conservasse flexível.
Tornava-se insensível a qualquer ruído, e até as picadas de alfinetes e à luz viva de uma vela que se lhe aproximasse dos olhos. Mas se tudo se paralisava nela durante aquele tempo, era em extremo sensível às coisas celestiais, e percebia-se exteriormente que ela expandia seu amor com Deus em ardentes expressões: "Sim amo-Vos, meu Jesus; serei toda vossa, sofrerei muito por Vós!" Sua presença e atitude nesses momentos era verdadeiramente angélica. O rosto resplandecia com tal beleza e majestade que extasiava.””
[pág. 100]“De fato, Gema, no êxtase, apresentava todas as qualidades de uma pessoa em perfeita saúde e com os sinais de um estado fisiologicamente normal; não tinha a palidez cadavérica nem contrações musculares; não tomava atitudes singulares nem fazia movimentos exaltados. Somente os sentidos externos ficavam inertes, como já vimos.
Podiam, com um alfinete, pungir-lhe as mãos, a cabeça, os braços, queimá-la com a chama de uma vela, fazer um ruído estrondoso, tudo era inútil; enquanto a santa jovem estava com o seu Deus, nada sentia nem percebia o que em torno dela se fizesse ou dissesse. Nos frequentes êxtases dolorosos, conservando a mesma aparência de saúde, mostrava porém um profundo cansaço; era preciso sustentá-la para não cair, e se estava na cama, jazia como uma pessoa que se extingüe. Nos outros, pelo contrário, parecia que o corpo gozava da alegria da alma
[...] Uma chama misteriosa iluminava seus olhos, que brilhavam quase como dois sóis, tingia de viva cor as suas faces, e dava ao seu semblante a aparência de um anjo descido do Céu. “Se vós a tivésseis visto ontem — me escreviam — ó meu Deus! Ninguém podia contemplá-la;
não parecia mais uma criatura humana; tinha o rosto de um serafim, inspirava doçura e arrancava lágrimas. Como achamos breve essa hora em que a nossa Gema esteve assim, em êxtase!”
Este fenômeno era freqüentemente visto e admirado por aquela família, mas parecia-lhe sempre novo, tanto o homem é insaciável do sobrenatural. Nos últimos dias da sua vida, a enfermidade lhe tinha emagrecido o rosto e tirado a beleza, mas o êxtase lhe restituía logo, e num grau ainda superior, imprimindo-lhe uma certa majestade, que incutia respeito e veneração.”
[pág. 246/247]