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Santa Gema Galgani (Itália, 1878-1903). Obra: "Santa Gema Galgani, escrito por Padre Germano de Santo Estanislau, CP. Editora Ecclesiae. 2014. São Paulo. 342p."

“A idéia fixa do novo mosteiro, sempre ligada à esperança de aí achar um sereno refúgio, absorvia a donzela continuamente, até nos êxtases: “Jesus, o confessor me disse que insista convosco para que se funde o convento, que ele tem grande desejo de ver efetuada esta obra. Fostes vós que me inspirastes este veemente desejo. Pensai nisto, pois, cumprireis o que prometestes, não é verdade? Então, pensai nisto, ó Jesus, e apressai-Vos”.” Gema não tinha a menor dúvida do feliz resultado da obra. Jesus, a Mãe celeste e o Bem-aventurado Gabriel lhe tinham falando bem claramente, dando-lhe toda a certeza de sua realização. Tinham-lhe revelado o modo pelo qual se efetuaria; os pormenores mais exatos de sua execução, pontualmente como se haviam de realizar depois da sua morte. Ela tinha anunciado: “A fundação se realizará pouco depois da beatificação do Bem-aventurado Gabriel. Concorrerão para estabelecê-la o Sumo Pontífice, o Bispo, um Consultor Geral e o próprio geral das Passionistas, influenciado e instado pelo Consultor, que o, fará ser favorável, bem como o provincial da Província Romana, e outro padre que este mandará a Lucca para arranjar tudo.” [pág. 294]

Depois, fez uma última predição, que devia ser muito dolorosa a seu coração. Já fiz menção dela, ei-la aqui: “Decidam — dizia ela porque em breve não será mais tempo. Jesus não espera mais, e me disse que me levará consigo se, dentro de seis meses, não se der princípio à Obra.” Finalmente Deus fez conhecer a Gema que a condição não seria observada, e foi-lhe preciso resignar-se. “Esta manhã — escreveu ela — o que eu senti não poderei exprimir: somente direi que senti muita vontade de chorar. Retirei-me logo para o meu quarto, para ficar mais livre e chorei multo. Finalmente exclamei: Fiat voluntas tua. Mas minhas lágrimas não eram de dor, e sim de completa resignação.” O Fiat estava dito, Gema não pensou mais em ser religiosa, e não deu mais um só passo; ocupou-se unicamente, daí em diante, em preparar-se bem para a morte, que teve lugar, como ela profetizou, no fim de seis meses. Deus, se contentou com o seu desejo, e com o merecimento do sacrifício que com tanta generosidade lhe tinha feito a sua fiel serva. Por outro lado, os votos da profissão religiosa ela já os tinha feito particularmente; freira e Passionista, ela o era de coração e de espírito, pois trazia o crucifixo gravado no meio do coração, e os estigmas da Paixão na própria carne. Podia, pois, sem pesar, sair deste mundo satisfeita e com a íntima alegria de ter cumprido admiravelmente o fim para que Deus a criara. Logo que a santa jovem exalou o seu último suspiro, começaram em mim os remorsos, e com razão! Os remorsos provocaram a execução da idéia e, sem mais tardar, deu-se princípio a esta fundação. Lembrando-me da ordem que um ano antes ela me transmitira “Vá a Roma e fale com o Papa", assim fiz agora e falei com o Santo Padre Pio X recentemente elevado ao Sumo Pontificado. Ouviu-me com amor, agradou-se do projeto da obra, tomou a pena e, com sua augusta mão, deu a sua alta aprovação.” [pág. 295]

“Gema tinha dito a verdade; Jesus tinha falado ao coração do seu Vigário, e conforme o que tinha feito conhecer à sua serva numa visão, quis que este declarasse solenemente que as Passionistas do novo mosteiro se oferecessem como vítimas de expiação para o bem da Igreja. De posse deste precioso papel, apresentei-me em Lucca e em Corneto, e tudo se facilitou. Outras duas cartas pontifícias ao Arcebispo daquela cidade e ao Bispo destas, concorreram para reforçar os meus passos, e a fundação foi decidida. É notável também que o próprio Soberano Pontífice quisesse designar a superiora do novo mosteiro, e que fosse exatamente aquela freira de Corneto a quem Gema tinha escrito: "Jesus lhe dará esta consolação". Entretanto, a questão pecuniária retardava ainda os arranjos, quando uma terceira carta ao Administrador Apostólico de Lucca, durante o tempo da sede vacante, tirou toda a dificuldade. Duas religiosas de Coro e mais uma conversa, partiram do mosteiro de Corneto para a cidade de Lucca, no mês de março de 1905, dois anos depois da morte da serva de Deus. Em vão o inimigo se esforçou por fazer surgir todos os obstáculos, e até mesmo verdadeiras perseguições de todos os lados; a obra foi prosperando; e ali, onde tantas outras comunidades religiosas muito tempo antes estabelecidas na cidade acharam dificuldade em receber noviças, aquela recém-chegada tomou um grande impulso. Até hoje as novas religiosas ocuparam uma casa provisória, não tendo podido, contra toda previsão humana, estabelecer-se no seu mosteiro já há tanto tempo adquirido. Assim se verificou também a predição de Gema, que a fundação do mosteiro, começando algum tempo antes, só se terminaria a pouca distância da beatificação do venerável Gabriel de Nossa Senhora das Dores. Com efeito, esta beatificação teve lugar no dia 31 de maio de 1908; e no dia 31 de julho é que receberam dos antigos proprietários a entrega das chaves do dito mosteiro, isto é, só depois de dois meses, e numa sexta-feira, como tinha sido predito pela serva de Deus.” [pág. 296/297]




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