Santa Gema Galgani (Itália, 1878-1903). Obra: "Santa Gema Galgani, escrito por Padre Germano de Santo Estanislau, CP. Editora Ecclesiae. 2014. São Paulo. 342p." (pág. 321/323) “...no dia 24 de abril, décimo terceiro depois da morte da serva de Deus, procedeu-se à exumação. Achou-se o cadáver ainda intacto, tal qual tinha sido aí depositada, mas já com indícios de decomposição.
Descoberto e tirado o coração, apresentou-se fresco, vigoroso, flexível, vermelho e cheio de sangue, como o coração de uma pessoa viva, pelo que ficaram sumamente maravilhados os práticos encarregados da autópsia. Mais anda: a forma do coração era verdadeiramente singular, diferente do tipo natural, chato nas duas faces, e muito dilatado de ambos os lados, parecendo mais largo do que alto. Mas a admiração ainda foi maior
quando sob o golpe do escalpelo, brotou dos ventrículos e aurículas, um sangue vivo e vermelho, e tão liquefato que correu sobre o mármore em que se fazia a operação.
É sabido que, logo depois da morte e resfriado o cadáver, todo o sangue contido no coração sai, ou no caso de resfriamento muito rápido, coagula-se, perdendo a cor viva. Quanto mais treze dias depois da morte, e de uma morte causada por doença contagiosa?!... Ah! Aquele coração que foi uma fornalha de tantas chamas celestes, e palpitou de puro amor de Deus, e que não se podendo mais conter na sua cavidade natural, levantou e encurvou fortemente três costelas do peito, que abriu uma saída para fora na misteriosa chaga do lado como para expandir o excesso dos seus ardores, que queimou toda a região torácica a ponto de não se poder aproximar dele a mão sem sentir a sensação de queimadura; aquele coração não podia morrer!... E foi um erro, foi uma pena que o entregassem ao ferro da mão profana, para cortá-lo. Mas Deus permitiu que assim acontecesse, para nos manifestar um prodígio que, sem isso teria sido ignorado. A forma anormal, observada nesta preciosa víscera, parece-me que não pode admitir outra explicação senão a dos tormentos extraordinários provocados pelo amor celeste que o abrasava. Releia o leitor o que já dissemos a este respeito, e verá que era até de esperar vê-lo despedaçado. É certo que Gema nunca teve nenhum sintoma de moléstia cardíaca que pudesse produzir tão extraordinário efeito. Seu coração foi sempre são e robusto, e fora das ocasiões dos êxtases e do martírio místico de sua alma, nunca apresentou a mínima irregularidade ou perturbação, pois, apenas cessadas estas comoções divinas, ela recuperava logo seu estado normal. A donzela esteve um pouco anêmica nos últimos anos de sua vida, mas ninguém sustentará que esta enfermidade produzisse, em tão breve tempo, tão grande transformação do órgão vital. Menos ainda se poderia atribuir esse fenômeno à decomposição dos tecidos do coração encerrado por treze dias na terra; porque
é uma contradição manifesta a decomposição de uma víscera, e a frescura do sangue nela contido; e a destruição dos tecidos é incompatível com a viva cor vermelha. A despeito, portanto, dos incrédulos, reconhecemos o prodígio e bendizemos ao Divino Autor, dele sempre admirável em seus santos.”