Santa Gema Galgani (Itália, 1878-1903). Obra: "Santa Gema Galgani, escrito por Padre Germano de Santo Estanislau, CP. Editora Ecclesiae. 2014. São Paulo. 342p." (pág. 97/98) Desta forma, também o Padre Pedro Paulo, voltando quase sempre a Lucca para atender aos deveres de seu cargo, pôde, nos últimos meses de 1899 e nos anos de 1900 e 1901, observar detalhadamente não só os estigmas, mas todos os fenômenos maravilhosos operados por Deus em sua serva. E cada vez mais convencido, quis deixar-nos um testemunho tão autorizado dos prodígios da graça. Depois de se ter referido aos estigmas, continua a falar deste modo na coroação de espinhos: “Ao redor da cabeça, vi que apareciam diversas gotas de sangue, principalmente sobre as frontes. Depois de uns vinte minutos, voltando a si a jovem, levantando-se, desaparecera a palidez cadavérica com toda a impressão de dor que a tornava semelhante ao Salvador na cruz, voltara-lhe a cor natural; e mais ainda, como aconteceu quando cessou o suor sanguíneo, apresentou-se o rosto de uma beleza angélica.
Em outra circunstância - escreveu em 1901 -, tendo ouvido dizer que Gema sofria horrivelmente, e que frequentemente se renovavam nela a flagelação de NOSSO Senhor, a coroação de espinhos e as três horas de agonia na cruz, eu quis assistir a estas cenas de dor, se Deus se dignasse a conceder-me este favor, como da primeira vez. Como de costume, Gema levanta-se da mesa, depois de ter comido pouco ou quase nada, e retira-se para o seu quarto. Pensando que o Senhor me quisesse atender, segui-a poucos momentos depois, com outro sacerdote, o Padre Lourenço Agrimonti, e encontrei-a fora dos sentidos e traspassada por atrocíssimas dores. Mais de duas horas e meia, conservei-me naquele quarto, resolvido a não me retirar, senão depois de ter visto com meus próprios olhos ao menos o sangue que devia correr da cabeça na suposta coroação de espinhos. A jovem sofria com um palpitar de coração tão terrível e violento que levantava a coberta da cama, enquanto os braços estavam estendidos e inertes. O movimento era tão forte que fazia estremecer a cama, e confesso que à tal vista, senti impressões ao mesmo tempo de terror e de devoção. Penso que aquele sofrimento era mesmo o da flagelação. Depois de uma hora mais ou menos, cessou a palpitação e então começou a derramar sangue vivo da cabeça em tão grande abundância que ficaram molhados os travesseiros e até os lençóis. Era tanto o sangue na parte superior da fronte que, esfriando-se, formava coalhos no rosto. Quando finalmente o sangue acabou de correr, a donzela que antes fazia alguns movimentos com o corpo, desde aquele momento até as três horas da manhã, ficou imóvel. Seu semblante tomou o aspecto de verdadeiro cadáver, e ao vê-la naquele estado de palidez, com o rosto coberto de sangue seco que saíra pelos olhos, nariz, orelhas e até pela boca, parecia de fato morta, tanto mais que nem se ouvia o coração palpitar, nem se sentia o pulso bater, e apenas se podia perceber a respiração. Depois de três longas horas passadas nesse estado, começou a recuperar os sentidos. Tornei a vê-la pouco tempo depois, ágil e viva, com a cor natural no rosto, e já pronta para ir à igreja receber a Sagrada Comunhão, como se nada tivesse sofrido. Referi ao confessor de Gema o que vi com meus olhos e toquei com minhas mãos; falamos muito sobre estes fenômenos, assegurando-lhe que me tinham causado a melhor impressão, e ele rogou-me então que continuasse a examinar com atenção a sua penitente, dando-me todas as faculdades, até para confessá-la.