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Eucaristia (comunhão, corpo de Cristo, hóstia sagrada, hóstia consagrada, sacramento)

 Eucaristia dada pelo Anjo da Guarda aos pastorinhos em Fátima (Portugal), em 1916.

Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Memórias da Irmã Lucia I. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 14ª edição (versão em português de Portugal). 2010. Fátima-Portugal. 237p." (pág. 74/79)

[Testemunho da vidente Irmã Lúcia:] Assim, pois, completei os meus 7 anos. Minha mãe determinou que começasse a guardar as nossas ovelhas. [pág. 74]

Um pouco mais ou menos aí pelo meio-dia, comemos a nossa merenda e, depois dela, convidei as minhas companheiras [Teresa Matias, Maria Rosa Matias, sua irmã e Maria Justino, conf. pág. 168] para rezarem comigo o Terço, ao que elas anuíram com gosto. Mal tínhamos começado, quando, diante de nossos olhos, vemos, como que suspensa no ar, sobre o arvoredo, uma figura como se fosse uma estátua de neve que os raios do Sol tornavam algo transparente. — Que é aquilo? — perguntaram as minhas companheiras, meias assustadas. — Não sei! Continuámos a nossa reza, sempre com os olhos fitos na dita figura que, assim que terminámos, desapareceu. Segundo o meu costume, tomei o partido de calar, mas as minhas companheiras, assim que chegaram a casa, contaram o sucedido às famílias. [pág. 75]

Um belo dia, fomos com as nossas ovelhinhas para uma propriedade de meus pais que fica ao fundo do dito monte voltado ao nascente. Chama-se essa propriedade Chousa Velha. [...] Comemos a nossa merenda, rezámos o nosso Terço.... Terminada a nossa reza, começámos a jogar as pedrinhas [uma brincadeira de criança] . Alguns momentos havia que jogávamos, e eis que um vento forte sacode as árvores e faz-nos levantar a vista para ver o que (se) passava, pois o dia estava sereno. Vemos, então, que sobre o olival se encaminha para nós a tal figura de que já falei [o anjo]. A Jacinta e o Francisco ainda nunca a tinham visto, nem eu lhes havia falado nela. À maneira que se aproximava, íamos divisando as feições: um jovem dos seus 14 a 15 anos, mais branco que se fora de neve, que o sol tornava transparente como se fora de cristal e duma grande beleza. Ao chegar junto de nós, disse: — Não temais! Sou o Anjo da Paz. Orai comigo. E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão e fez-nos repetir três vezes estas palavras: — Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Depois, erguendo-se, disse: — Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. As suas palavras gravaram-se de tal forma na nossa mente, que jamais nos esqueceram. E, desde aí, passávamos largo tempo assim prostrados repetindo-as, às vezes, até cair cansados. Recomendei logo que era preciso guardar segredo e, desta vez, graças a Deus, fizeram-me a vontade. [pág. 77/78]

Passado bastante tempo, em um dia de verão, em que havíamos ido passar a sesta a casa, brincávamos em cima dum poço que tinham meus pais no quintal a que chamávamos o Arneiro. (No escrito sobre a Jacinta, também já falei a V. Ex.cia deste poço). De repente, vemos junto de nós a mesma figura ou Anjo, como me parece que era, e diz: — Que fazeis? Orai, orai muito. Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente, ao Altíssimo, orações e sacrifícios. — Como nos havemos de sacrificar? — perguntei. — De tudo que puderdes, oferecei a Deus sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai, com submissão, o sofrimento que o Senhor vos enviar. [pág. 78]

Passou-se bastante tempo e fomos pastorear os nossos rebanhos para uma propriedade de meus pais que fica na encosta do já mencionado monte, um pouco mais acima dos Valinhos. [...] Logo que aí chegámos, de joelhos, com os rostos em terra, começámos a repetir a oração do Anjo: Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos, etc. Não sei quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vemos que sobre nós brilha uma luz desconhecida. Erguemo-nos para ver o que se passava e vemos o Anjo, tendo em a mão esquerda um Cálix, sobre o qual está suspensa uma Hóstia, da qual caem algumas gotas de Sangue dentro do Cálix. O Anjo deixa suspenso no ar o Cálix, ajoelha junto de nós, e faz-nos repetir três vezes: — Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, (adoro-Vos profundamente e) ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. Depois levanta-se, toma em suas mãos o Cálix e a Hóstia. Dá-me a Sagrada Hóstia a mim e o Sangue do Cálix divide-O pela Jacinta e o Francisco, dizendo ao mesmo tempo: — Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus. E prostrando-se de novo em terra, repetiu conosco outras três vezes a mesma oração: Santíssima Trindade... etc., e desapareceu. Nós permanecemos na mesma atitude, repetindo sempre as mesmas palavras; e quando nos erguemos, vimos que era noite e, por isso, horas de virmos para casa. [pág. 78/79]




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