Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p." (pág. 63/67) [aparição do dia 13/05/1917 aos três pastorinhos na Cova da Iria, perto do meio-dia:] “Mas eis que o reflexo vivíssimo duma luz que os pastoritos por falta de outros termos mais apropriados chamarão relâmpago...
[...] Os pequenos, largando as pedras, entreolharam-se assustados: sabem que aos relâmpagos se seguem trovões. Levantam os olhos para o céu a interrogá-lo. Nem do Nascente, nem do lado de Santa Catarina o mínimo indício de temporal: não há a mais ténue nuvem a empanar a imensidade azul de cobalto; não sopra a mais leve aragem. Um sol esplendoroso, uma atmosfera quente, uma calma grave. Lúcia, como sempre, comanda as manobras: É melhor irmo-nos embora para casa. Estão a fazer relâmpagos e pode vir trovoada — Pois sim — concordam os primos. Outro clarão mais forte, mais intenso lhes tolhe os movimentos. Quais autómatos, avançam uns passos e movidos, sem saberem porquê, espontânea e simultaneamente, voltam-se para a direita. Sobre a copa duma pequena azinheira uma Aparição celeste barra-lhes o horizonte. No auge da surpresa, continuam imóveis, envoltos na luz que a visão irradia. “Era uma Senhora vestida de branco — assim no-la descreve a Lúcia — mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios mais ardentes do sol".
[pág. 63]
[aparição do dia 13/05/1917 aos três pastorinhos na Cova da Iria, perto do meio-dia:] “Mas eis que o reflexo vivíssimo duma luz que os pastoritos por falta de outros termos mais apropriados chamarão relâmpago...
[...] Os pequenos, largando as pedras, entreolharam-se assustados: sabem que aos relâmpagos se seguem trovões. Levantam os olhos para o céu a interrogá-lo. Nem do Nascente, nem do lado de Santa Catarina o mínimo indício de temporal: não há a mais ténue nuvem a empanar a imensidade azul de cobalto; não sopra a mais leve aragem. Um sol esplendoroso, uma atmosfera quente, uma calma grave. Lúcia, como sempre, comanda as manobras: É melhor irmo-nos embora para casa. Estão a fazer relâmpagos e pode vir trovoada — Pois sim — concordam os primos. Outro clarão mais forte, mais intenso lhes tolhe os movimentos. Quais autómatos, avançam uns passos e movidos, sem saberem porquê, espontânea e simultaneamente, voltam-se para a direita. Sobre a copa duma pequena azinheira uma Aparição celeste barra-lhes o horizonte. No auge da surpresa, continuam imóveis, envoltos na luz que a visão irradia. “Era uma Senhora vestida de branco — assim no-la descreve a Lúcia — mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios mais ardentes do sol". (pág. 63)
[...] “Surpreendidos pela Aparição, os pequenos fixam os olhos extasiados na doce Senhora que com Voz suavíssima, toda maternal, os tranquiliza: — Não tenhais medo! Eu não vos faço mal. E sorri-lhes tristemente, como que a censurar-lhes esta falta de confiança nEla, a dulcíssima Mãe do Céu. Lúcia, então, anima-se a perguntar-Lhe: — Donde é Vossemecê? — Sou do Céu. E a bela Senhora ergue a mão a indicar o firmamento azul, por detrás do qual se escondia a sua morada de luz. E que é que Vossemecê me quer? — continua Lúcia, mais afoita — Vim para vos pedir que venhais aqui, seis meses seguidos, no dia 13, a esta mesma hora. Depois direi quem sou e o que quero. E voltarei aqui ainda uma sétima vez. Uma Senhora que vinha do Céu — pensa a Lúcia. O Céu!... Como devia ser lindo o Céu! E eu também vou para o Céu? Sim, vais — assegura-lhe a Senhora — Que bom! — diz consigo a Lúcia. Mas mesmo assim, não quer ir sozinha para o Céu. E pensa em primeiro lugar, nos primos. — E a Jacinta? — Também. O coração da Lúcia dilata-se a ponto de parecer estalar-lhe. — E o Francisco? Também irá, mas terá de rezar muitos terços.
[...] Embora atingido pela mesma claridade que envolvia a Lúcia e a Jacinta, o Francisco ainda não via a divina Aparição. Ouvia sim, a Lúcia falar, mas nada da voz da Senhora.”
[pág. 64]
“O pensamento do Céu é o que mais absorve a Lúcia. O Céu!... Ela estava já segura de lá chegar um dia, e os primitos também... Que bom! Mas logo uma dúvida a atormenta. Recentemente tinham falecido duas raparigas de Aljustrel que frequentavam a sua casa para aprender com as irmãs a coser e a tecer
[em Portugal, rapariga significa moça jovem]. E a Maria do Rosário, do José das Neves, está no Céu? — pergunta ansiosa. — Sim — respondeu a Senhora. — E a Amélia? —
Ainda está no Purgatório. Que tristeza! E os olhos da Lúcia enchiam-se de lágrimas. É então que a Senhora, qual mãe amargurada, pede aos pequenos: — Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores? Por todos, respondeu a Lúcia com decidida singeleza: — Sim, queremos! Desde aquele momento, os três pastorinhos começaram a ser heróis. — Ides pois ter muito que sofrer, mas promete a Senhora — a graça de Deus será o vosso conforto. ”Ao pronunciar estas palavras — comenta a Lúcia — abriu as mãos, comunicando-nos uma luz muito intensa, como um reflexo que delas expedia, penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma e fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente do que nós vemos num espelho. Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetimos intimamente: Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro... Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento”. Ficaram assim instantes naquele mar de luz em que a Virgem os tinha mergulhado. Rezai o terço todos os dias — acrescenta a branca Senhora — para alcançar a paz para o mundo e o fim da guerra.”
[pág. 64/65]
“E assim terminou o primeiro colóquio da bondosa Rainha do Céu com os três serranitos portugueses. “Começou então — continua a Lúcia — a elevar-se serenamente, subindo em direcção ao Nascente, até desaparecer na imensidade do espaço, circundada duma viva luz que ia como que abrindo caminho no cerrado dos astros”. Os pequenos permaneceram ainda algum tempo encantados, de olhar cravado no Céu, no ponto em que se sumira a celeste Visão.
[...] Sem mais receio de trovões, passaram a tarde naquela Cova abençoada relembrando e saboreando os mínimos particulares do extraordinário acontecimento. Uma exuberante alegria enchia a alma e transbordava do coração da Jacinta; uma alegria mesclada de tristeza fazia de vez em quando calar pensativa a Lúcia. — Ai que Senhora tão bonita! — exclamava de vez em quando a mais nova,
que ficara fascinada sobretudo pela beleza indescritível de Nossa Senhora.”
[pág. 66]
“No caminho, a Lúcia não se cansava de recomendar aos primos que, por enquanto, guardassem o mais escrupuloso silêncio com todos.”
[pág. 67]
Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Memórias da Irmã Lucia I. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 14ª edição (versão em português de Portugal). 2010. Fátima-Portugal. 237p." (pág. 172/174) [Testemunho da Irmã Lúcia, a vidente:] Andando a brincar com a Jacinta e o Francisco, no cimo da encosta da Cova da Iria, a fazer uma paredita em volta duma moita, vimos, de repente, como que um relâmpago. [pág. 172]
[...] E começamos a descer a encosta, tocando as ovelhas em direcção à estrada. Ao chegar, mais ou menos a meio da encosta, quase junto duma azinheira grande que aí havia, vimos outro relâmpago e, dados alguns passos mais adiante, vimos, sobre uma carrasqueira, uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o Sol, espargindo luz, mais clara e intensa que um copo de cristal, cheio dágua cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente. Parámos surpreendidos pela aparição. Estávamos tão perto, que ficávamos dentro da luz que A cercava ou que Ela espargia, talvez a metro e meio de distância, mais ou menos. Então Nossa Senhora disse-nos: — Não tenhais medo. Eu não vos faço mal. — De onde é Vossemecê? — lhe perguntei. — Sou do Céu. — E que é que Vossemecê me quer? — Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez. — E eu também vou para o Céu? — Sim, vais. — E a Jacinta? — Também. — E o Francisco? — Também, mas tem que rezar muitos terços. Lembrei-me então de perguntar por duas raparigas [em Portugal, rapariga significa moça jovem] que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com minha irmã mais velha. — A Maria das Neves já está no Céu? — Sim, está. Parece-me que devia ter uns 16 anos. — E a Amélia? — Estará no purgatório até ao fim do mundo. Parece-me que devia ter de 18 a 20 anos. — Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores? — Sim, queremos. — Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto. Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente: — Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento. Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou: — Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra. Em seguida, começou-Se a elevar serenamente, subindo em direcção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros, motivo por que alguma vez dissemos que vimos abrir-se o Céu. [...] As aparições de Nossa Senhora não infundem medo ou temor, mas sim surpresa. [pág. 173/174]
Igor Swann. Obra "As grandes aparições de Maria: Relatos de vinte e duas aparições. Ed. Paulinas. 2ª edição. São Paulo, 2001. 375p." (pág. 191/193) No domingo, 13 de maio de 1917, as mesmas três crianças
[Lúcia, Jacinta e Francisco] estavam outra vez cuidando de ovelhas na pastagem rochosa chamada Cova da Iria. Era um dia ensolarado. Ao meio-dia, uma linda Senhora apareceu sobre a copa de uma carrasqueira. Segundo algumas fontes, ela disse: "Não tenham medo. Não lhes farei mal". Juntando coragem para falar, Lúcia perguntou de onde ela era. “Sou do Céu". Então a Senhora fez três pedidos. "Quero lhes pedir que venham aqui todo dia 13, a esta mesma hora, até outubro. Então lhes direi quem sou e o que quero" Pediu que as crianças aprendessem a ler e escrever e que rezassem "o terço todos os dias pela paz no mundo e o fim da guerra". A Senhora abriu as mãos e um grande raio de luz partiu delas diretamente sobre as crianças. Então "fez-se um caminho para ela no firmamento, como se o Céu se abrisse para recebê-la". Os três jovens videntes, Lúcia dos Santos e Jacinta e Francisco Marto, eram de origem e situação econômica humildes. As fotografias mostram seus três rostos solenes e suas roupas melhores que eram simples e comuns. Não sabiam ler nem escrever. É discutível o que os videntes realmente entenderam dos acontecimentos. Mas as mensagens da Senhora de Fátima estavam com certeza além da compreensão deles — e, na verdade, além da compreensão da maior parte do mundo.