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Aparições de Nossa Senhora
       Aparições principais (ano e local)
             1917 - Fátima, Portugal

 06 - Quarta aparição, de 13 (ou 15) de Agosto de 1917

Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p." (pág. 157/160)

“Partiram, pois, os três, sem a Jacinta, para uma fazenda que pertencia a um tio da Lúcia e que ficava perto: os Valinhos. Eram mais ou menos quatro horas da tarde quando a Lúcia começou a notar as alterações atmosféricas que precediam as Aparições da Senhora na Cova da Iria: um súbito refrescar da temperatura, um desmaiar do sol e o característico relâmpago. Lá vem Nossa Senhora! — pensou a Lúcia. — E a Jacinta que não está cá! Gritou então para o João: — Ó João, vai buscar a Jacinta depressa que vem lá Nossa Senhora!” [pág. 157/158]

“Ao primeiro relâmpago seguira-se outro e foi nessa altura que chegaram a Jacinta e o João. Momentos depois, a luminosa Senhora aparecia-lhes sobre uma carrasqueira, de altura sensivelmente superior à da Cova da Iria. [...] Que é que Vossemecê me quer? — pergunta mais uma vez a Lúcia com uma confiança toda filial. — Quero que continueis a ir à Cova da Iria, no dia 13, e que continueis a rezar o terço todos os dias. De novo, a Lúcia pede a Nossa Senhora que faça um milagre para que todos acreditem. — Sim — responde a Virgem. — No último mês, em Outubro, farei um milagre para que todos creiam nas minhas Aparições. Se não vos tivessem levado à Aldeia [Termo corrente na região para designar Vila Nova de Ourém] , o milagre teria sido mais grandioso. Virá São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo. Virá também Nosso Senhor para abençoar o povo. Virá ainda Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Dores. Logo a Lúcia se lembra da incumbência da senhora Maria Carreira e pergunta: — Que é que Vossemecê quer que se faça do dinheiro e das outras ofertas que o povo deixa na Cova da Iria? — Façam dois andores; um leva-lo tu com a Jacinta e outras duas meninas, vestidas de branco; o outro leva-o o Francisco com mais três meninos, também vestidos de opas brancas [Num manuscrito mais recente (8 Dezembro de 1941) a Lúcia acrescenta que a Virgem lhe dissera que o dinheiro dos andores devia destinar-se à festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrasse seria para ajuda duma capela a construir-se na Cova da Iria. Julgamos que haja neste ponto uma confusão da parte da Lúcia, atribuindo à quarta Aparição este pormenor que, de facto, se deu na Aparição de 13 de Setembro. Com isto concorda o relatório que ela fez ao Sr. Prior [o Padre do local] da freguesia dois dias apenas, depois da Aparição nos Valinhos, e as declarações que constam do Processo Canónico (8 de Julho de 1924)]. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário. A compassiva criança não esquece os doentes que lhe tinham sido recomendados e fervorosamente pede para eles a cura. — Sim, alguns curarei durante o ano — foi a resposta da Visão. E, tomando um aspecto muito triste, Nossa Senhora acrescenta: — Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, pois vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas. Em seguida, a Virgem despede-se dos seus pequenos amigos e começa a elevar-se, como de costume, em direcção ao Nascente, deixando na alma dos pastorinhos uma grande saudade do Céu e um grande desejo, uma verdadeira fome de sacrifícios para abrir a tantos pobres pecadores a porta do Paraíso. As três crianças, que na Cova da Iria tinham visto com pena os devotos despir a azinheira da folhagem sobre a qual tinham poisado os pés nevados da Virgem, desta vez são elas mesmo a cortar o raminho sobre o qual roçara a túnica da nívea Senhora.” [pág. 159/160]


Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Memórias da Irmã Lucia I. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 14ª edição (versão em português de Portugal). 2010. Fátima-Portugal. 237p." (pág. 178/179)

[Testemunho da Irmã Lúcia, a vidente:] Andando com as ovelhas, na companhia de Francisco e seu irmão João, num lugar chamado Valinhos, e sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e nos envolvia, suspeitando que Nossa Senhora nos viesse a aparecer e tendo pena que a Jacinta ficasse sem A ver, pedimos a seu irmão João que a fosse a chamar. Como ele não queria ir, ofereci-lhe, para isso, dois vinténs e lá foi a correr. Entretanto, vi, com o Francisco, o reflexo da luz a que chamávamos relâmpago; e chegada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira. — Que é que Vossemecê me quer? — Quero que continueis a ir à Cova de Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem. — Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova de Iria? — Façam dois andores [padiola portátil e ornamentada na qual se transportam ao ombro as imagens nas procissões]: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco; o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para a ajuda duma capela que hão de mandar fazer. — Queria pedir-Lhe a cura dalguns doentes. — Sim; alguns curarei durante o ano. E tomando um aspecto mais triste: — Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios por os pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas. E, como de costume, começou a elevar-se em direcção ao nascente.

Antônio Augusto Borelli Machado (São Paulo). Obra: "As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia. Editora Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. 42ª edição. 1995. São Paulo. 94p." (pág. 52/53)

No dia 13 de agosto, em que deveria dar-se a quarta aparição, os videntes não puderam comparecer à Cova da Iria, pois foram raptados pelo Administrador de Ourém, que à força quis arrancar-lhes o segredo. As crianças permaneceram firmes. Na hora costumeira, na Cova da Iria, ouviu-se um trovão, ao qual se seguiu o relâmpago, tendo os espectadores notado uma pequena nuvem branca que pairou alguns minutos sobre a azinheira. Observaram-se também fenômenos de coloração, de diversas cores, do rosto das pessoas, das roupas, das árvores, do chão. Nossa Senhora certamente tinha vindo, mas não encontrara os videntes. No dia 15 de agosto 14 Lúcia estava com Francisco e mais um primo no local chamado Valinhos, uma propriedade de um de seus tios, quando, pelas 4 horas da tarde, começaram a se produzir as alterações atmosféricas que precediam as aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria: um súbito refrescar da temperatura e um desmaiar do sol. Lúcia, sentindo que alguma coisa de sobrenatural se aproximava e os envolvia, mandou chamar às pressas Jacinta, a qual chegou em tempo para ver Nossa Senhora que — anunciada, como das outras vezes, por um reflexo de luz — aparecera sobre uma azinheira, ou carrasqueira, um pouco maior que a da Cova da Iria... [...] Há alguma dúvida sobre esta data [do dia 15 de agosto]. A própria Irmã Lúcia não se lembra ao certo: nas Memórias II e IV diz que foi neste dia; mas na resposta ao Dr. Goulven opta pelo dia 19, escrevendo à margem: "É ao que eu mais me inclino, porque para ser no dia 15, teríamos estado só um dia inteiro na prisão; e recordo que estivemos mais" (Sebastião Martins dos Reis, A Vidente de Fátima dialoga e responde pelas Aparições, p. 43). No inquérito canônico do dia 8 de julho de 1924, Lúcia faz um relato circunstanciado, dia por dia, de sua prisão (juntamente com os outros videntes), e diz que os três voltaram de Ourém no dia 16. Assim, a maioria dos autores dá como certa a data de 19 de agosto, correspondente ao domingo subseqüente, pois a vidente se recorda que a aparição se deu num dia de preceito. Ora, tanto em suas Memórias II e IV, como no inquérito canônico, Lúcia afirma peremptoriamente que a aparição dos Valinhos ocorreu no mesmo dia de sua volta de Vila Nova de Ourém. Como as crianças foram raptadas no dia 13, a ter-se dado a aparição no dia 19, elas teriam ficado presas seis dias, o que também parece excessivo. Assim, Galamba de Oliveira (p. 83) opta pelo dia 15, ponderando que pode ter havido erro de contagem de uma noite e um dia, na narrativa feita por Lúcia perante a comissão canônica, em 1924.



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.