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Aparições de Nossa Senhora
       Aparições principais (ano e local)
             1917 - Fátima, Portugal

 07 - Quinta aparição, de 13 de Setembro de 1917

Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p." (pág. 174/179)

[Aparição do dia 13/09/1917 aos três pastorinhos na Cova da Iria, ao meio-dia, nas palavras do Monsenhor João Quaresma, Vigário Geral da Diocese de Leiria:] “Ao meio-dia Solar, fez-se completo silêncio. Ouvia-se o ciciar das preces. Subitamente Soam gritos de júbilo... Ouvem-se vozes a louvar a Virgem. Braços erguem-se a apontar para qualquer coisa no alto. — Olhem, não vêem?... — Sim, já vejo!... A satisfação brilha nos olhos dos que vêem. No céu azul não havia uma nuvem. Também eu levanto os Olhos e ponho-me a perscrutar a amplidão do céu, para ver o que os outros olhos mais felizes, primeiro do que eu, contemplaram. — Lá está você também a olhar!... Com grande admiração minha vejo clara e distintamente um globo luminoso que se movia do Nascente para o Poente, deslizando lento e majestoso através do espaço. O meu amigo olhou também e teve a felicidade de gozar da mesma inesperada e encantadora Aparição... quando, de repente, o globo com a sua luz extraordinária se sumiu aos nossos olhos. Perto de nós estava uma pequenita vestida como a Lúcia e pouco mais ou menos da mesma idade. Cheia de alegria continuava a gritar — Ainda a vejo... ainda a vejo... agora desce para baixo! Passados minutos, exactamente o tempo que costumavam durar as Aparições, começou a criança de novo a exclamar apontando para o céu: — Lá sobe ela outra vez! e continuou seguindo o globo com os olhos até que desapareceu na direcção do sol. — Que pensas daquele globo? — perguntei ao meu amigo, que se mostrava entusiasmado por quanto tínhamos visto. — Que era Nossa Senhora — respondeu sem hesitar. Era também a minha convicção. Os pastorinhos contemplaram a própria Mãe de Deus; a nós fora-nos concedida a graça de ver o carro que A tinha transportado do Céu à charneca inóspita da Serra de Aire. Devemos dizer que todos os que estavam ali tinham observado o mesmo que nós. Porque de todas as partes se ouviam manifestações de alegria e saudações a Nossa Senhora. Muitos todavia não viam nada. Perto de nós estava uma piedosa e singela criatura que chorava amargamente porque não tinha visto nada. Sentíamo-nos deveras felizes. Com quanto entusiasmo ia o meu colega, de grupo em grupo, na Cova da Iria e depois pela estrada fora, informando-se do que tinham visto! As pessoas interrogadas eram das mais diversas classes sociais; todas à uma afirmavam a realidade dos fenómenos, que nós próprios havíamos presenciado. Altamente satisfeitos regressámos a casa, da nossa peregrinação a Fátima, com o propósito firme de voltar no próximo dia 13 de Outubro para aceder ao convite da Lúcia e fortificarmo-nos ainda mais na nossa fé nas Aparições de Nossa Senhora”. Outros fenómenos se deram que, como este, nem a todos foi dado contemplar. O súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do sol até ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como de pétalas irisadas que desapareciam antes de poisarem na terra, foram os factos notados e referidos por centenas e milhares de pessoas. Mas voltemos atrás. [...] Não tinha ainda acabado a reza, quando os pequenos se levantam a esquadrinhar o horizonte. Tinham visto o relâmpago: a bondosa Senhora não podia faltar à palavra dada. Uns momentos, e sobre a azinheirinha já poisa a doce Rainha do Céu, a sorrir-lhes maternal. [Lúcia diz:] — Que é que Vossemecê me quer? — pergunta, como sempre, a Lúcia. E a linda Senhora responde: [NS diz:] — Continuem a rezar o terço a Nossa Senhora do Rosário, todos os dias, para alcançarem o fim da guerra. E repetindo o que já lhes tinha dito no mês precedente insiste em que não faltem ali no dia 13 de Outubro, em que viria São José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo; Nosso Senhor para abençoar o povo e depois se veria a sua Imagem correspondente às duas invocações de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora do Carmo. [Lúcia diz:] — Muitos têm-me pedido para pedir muitas coisas — diz-Lhe a Lúcia. Esta pequena é surda-muda. Não a quer curar? [NS diz:] — Durante o ano experimentará algumas melhoras. [Lúcia diz:] — São pedidos de conversões... são pedidos de curas... [NS diz:] — Alguns curarei, outros não, porque Nosso Senhor não se fia [confia] neles — responde a Virgem. O obstáculo ao milagre seria para uns a falta de disposições suficientes; quanto aos outros, a doença seria para eles maior bem do que a cura. [Lúcia diz:] — O povo gostava muito de ter aqui uma capela — continua a pequena, não perdendo a ocasião de recordar o pedido que lhe fizera a senhora Maria Carreira. [NS diz:] — Empreguem metade do dinheiro, que até hoje têm recebido, nos andores [padiola ornamentada para levar santos em procissão], e sobre um deles ponham Nossa Senhora do Rosário; a outra parte será destinada a ajudar à construção duma capela. [Lúcia diz:] — Há muitos que dizem que eu sou uma intrujona [impostora], que merecia ser enforcada ou queimada. Faça um milagre para que todos creiam! — pede, pela terceira vez, a Lúcia. [NS diz:] — Sim, em Outubro farei um milagre para que todos acreditem — assegura de novo a Senhora. [Lúcia diz:] — Umas pessoas deram-me duas cartas para Vossemecê e um frasco de água-de-colônia. [NS diz:] — Isso de nada serve para o Céu! — responde a Virgem. Depois destas palavras a branca Visão despede-se e eleva-se no ar impregnado de sobrenatural. A Lúcia grita então para o povo: — Se querem vê-La, olhem para ali! — e indica o Nascente por onde a Virgem ia a desaparecer. Avidamente todos os olhos tomaram a direção apontada e muitos puderam observar de novo o fenômeno notado antes. O globo luminoso ascendia também para o Céu, reconduzindo à sua celeste Morada a bondosa Rainha dos Anjos. Depois de uns instantes de trépida comoção, os peregrinos precipitavam-se sobre as afortunadas crianças a assediá-las com mil interrogações. Foi com dificuldade que os pais conseguiram reconduzi-las às suas casas, que encontraram de novo literalmente cheias de gente. E as perguntas não deixaram de chover até que a noite veio cobrir com o seu manto de silêncio e de paz o rústico lugarejo de Aljustrel.”

Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Memórias da Irmã Lucia I. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 14ª edição (versão em português de Portugal). 2010. Fátima-Portugal. 237p." (pág. 180)

[Testemunho da Irmã Lúcia, a vidente:] Chegamos, por fim, à Cova de Iria, junto da carrasqueira e começamos a rezar o terço com o povo. Pouco depois, vimos o reflexo da luz e a seguir Nossa Senhora sobre a azinheira. — Continuem a rezar o terço, para alcançarem o fim da guerra. Em Outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, S. José com o Menino Jesus para abençoarem o Mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda [as crianças tinham passado a usar, como mortificação ou penitência, uma corda grossa na cintura, não tiravam sequer para dormir]; trazei-a só durante o dia. — Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, dum surdo-mudo. — Sim, alguns curarei; outros não. Em Outubro farei o milagre, para que todos acreditem. E começando a elevar-se, desapareceu como de costume.

Antônio Augusto Borelli Machado (São Paulo). Obra: "As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia. Editora Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda. 42ª edição. 1995. São Paulo. 94p."

Como das outras vezes, uma série de fenômenos atmosféricos foram observados pelos circunstantes, cujo número foi calculado entre 15 e 20 mil pessoas, ou talvez mais: o súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do sol até ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de pétalas irisadas ou flocos de neve, que desapareciam antes de pousarem na terra. Em particular foi notado, desta vez, um globo luminoso que se movia lenta e majestosamente pelo céu, do nascente para o poente, e, no final da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram, como de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a azinheira...” [pág. 54]

As crianças tinham passado a usar como cilício um pedaço de corda grossa, que não tiravam nem para dormir. Isto lhes impedia muitas vezes o sono, e passavam noites inteiras em claro. Daí o elogio e a recomendação de Nossa Senhora. [pág. 55]



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.