Irmã Lúcia (Portugal, 1907-2005). Obra "Memórias da Irmã Lucia I. Editora Secretariado dos Pastorinhos. 14ª edição (versão em português de Portugal). 2010. Fátima-Portugal. 237p." [Testemunho da própria vidente, a Irmã Lúcia:] No dia 15 (de Fevereiro de 1926), andava eu muito ocupada com o meu oficio e quase nem disso me lembrava. E indo eu deitar um apanhador de lixo fora do quintal, onde, alguns meses atrasados,
tinha encontrado uma criança, à qual tinha perguntado se ela sabia a Avé-Maria e, respondendo-me que sim, lhe mandei que a dissesse, para eu ouvir. Mas, como ela não se resolvia a dizê-la só, disse(-a) eu, com ela, três vezes; e ao fim das três Avé-Marias pedi-lhe que (a) dissesse só. Mas, como ela se calou e não foi capaz de dizer, só, a Avé-Maria, perguntei-lhe se ela sabia qual era a Igreja de Santa Maria. Respondeu-me que sim. Disse-lhe que fosse lá todos os dias e que dissesse assim: Ó minha Mãe do Céu, dai-me o Vosso Menino Jesus! Ensinei-lhe isto e vim-me embora.
No dia 15-2-1926, voltando eu lá, como é de costume, encontrei ali uma criança que me parecia ser a mesma e perguntei-lhe, então: — Tens pedido o Menino Jesus à Mãe do Céu? A criança volta-se para mim e diz: — E tu tens espalhado, pelo mundo, aquilo que a Mãe do Céu te pediu? E, nisto, transforma-se num Menino resplandecente. Conhecendo, então, que era Jesus disse: — Meu Jesus! Vós bem sabeis o que o meu Confessor me disse na carta que Vos li. Dizia que era preciso que aquela visão se repetisse, que houvesse fatos para que ela fosse acreditada, e a Madre Superiora, só, a espalhar este facto, nada podia. — É verdade que a Madre Superiora só, nada pode; mas, com a Minha graça, pode tudo. E basta que o teu Confessor te dê licença e a tua Superiora o diga, para que seja acreditado, até sem se saber a quem foi revelado. — Mas o meu Confessor dizia na carta que esta devoção não fazia falta no mundo, porque já havia muitas almas que Vos recebiam, aos 1ºs Sábados, em honra de Nossa Senhora e dos 15 Mistérios do Rosário. — É verdade, minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam e as que os terminam é com o fim de receberem as graças que aí estão prometidas; e me agradam mais as que fizerem os 5 com fervor e com o fim de desagravar o Coração da Tua Mãe do Céu, que as que fizerem os 15, tíbios e indiferentes...