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G.K. Chesterton (Londres-Inglaterra, 1874-1936). Obra: "O Homem Eterno. Editora Ecclesiae. 1ª edição. 2014. 326p." (pág. 38/39)

Deve parecer no mínimo estranho, à sua ingenuidade, que não consiga encontrar nenhum vestígio do começo de qualquer arte entre quaisquer animais. [...] É a verdade simples de que o homem de fato difere das bestas em natureza e não apenas em grau; e eis aqui a prova; a de que soe como um truísmo [truísmo = obviedade] dizer que o homem mais primitivo desenhou o retrato de um macaco e que soe como uma piada dizer que o macaco mais inteligente desenhou o retrato de um homem. Um elemento de divisão e desproporção se introduziu aqui; e é algo único. A arte é a assinatura do homem. Esse é o tipo de verdade simples com que a história do princípio de tudo deveria principiar. O evolucionista para na caverna pintada e fica olhando coisas grandes demais para serem vistas e simples demais para serem compreendidas. Ele tenta deduzir todo tipo de outras coisas indiretas e duvidosas dos detalhes dos desenhos, uma vez que ele não consegue perceber a importância básica do todo; deduções argutas e teoréticas sobre a ausência de religião ou a presença de superstição; sobre governo tribal, caça, sacrifício humano e sabe lá Deus mais o quê. [pág. 38]
[...] Afinal, o principal fato que o registro do homem que pintava renas atesta, em meio a outros registros, é que era o homem que era capaz de desenhar renas, e não as renas capazes de desenhar o homem. [pág. 38]
[...] Os macacos não começaram os desenhos e os homens os terminaram; Pithecanthropus não desenhou mal uma rena e o Homem Sapiens a desenhou bem. Os animais mais desenvolvidos não desenharam retratos cada vez melhores; o cachorro não pintou melhor em seu melhor período do que pintou com os antigos modos de quando era um chacal; o cavalo selvagem não era um impressionista e o cavalo de corrida um pós-impressionista. Tudo o que podemos dizer dessa noção de reproduzir coisas em sombras ou com forma representativa é que isso não existe em parte alguma a não ser no homem; e que não podemos sequer falar a respeito disso sem tratar o homem como algo de separado da natureza. [...] Essa criatura era verdadeiramente diferente de todas as outras criaturas; porque ela era tanto um criador quanto uma criatura. [pág. 39]




Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.