Revista Superinteressante. Edição nº 352. Outubro/2015. Editora Abril. Título da reportagem: “Uma estrela na linhagem humana”. “Polêmicas não têm faltado. O Homo naledi é ambíguo. As mãos e os pés mostram semelhanças importantes com os homens modernos, enquanto
o tamanho do cérebro é pequeno e o rosto, primitivo como os dos primeiros ancestrais. Mas o formato dos dedos deixa claro que ele era um usuário de ferramentas. E é essa a principal característica que separa o gênero Homo dos australopitecos: a capacidade de produzir instrumentos que facilitem a vida. Essa ambiguidade tem feito pesquisadores questionarem os critérios de classificação das espécies. "Ele pertence ao Homo, sim,
pelo menos tal como o gênero está definida.
Alguns estudiosos acreditam que a linha que separa os Homo e os Australopithecus foi esticada demais", aponta Brian Richmond, PhD em evolução humana e curador do Museu de História Natural de Nova York "Possivelmente, em algum momento, será necessário dividir o gênero Homo em algo novo", pondera.
O antropólogo Jeffrey Schwartz, da Universidade de Pittsburgh, é mais radical: ele defende que a taxonomia atual seja jogada fora e que se refaça a linhagem humana do zero.” Mas com que critério? "A resposta vale milhões de dólares", salienta. "Muitas espécies foram aglomeradas no gênero [Homo gautengensis, ergaster, antecessor...] e
chegamos ao ponto em que nada une todos eles. Então, eu defendo definirmos bem o Homo sapiens e, em seguida, ampliar as comparações com outros espécimes, esquecendo do que eles têm sido chamados, para ver as semelhanças que emergem naturalmente", defende Schwartz. Isso porque ele acredita que segregar os hominídeos de acordo com quem tem ou não a habilidade de confeccionar ferramentas é um tanto elitista "Isso se baseia na noção de que nós, Homo sapiens, somos tão únicos que só aqueles dotados dessa inteligência merecem estar conosco no mesmo gênero."