Deus
       Atributos e características de Deus (Trindade Divina, essência, eternidade, transcendência, poder)

 Deus é um mistério que não se deixa agarrar nem analisar

“Deus é impalpável como uma sombra e, ao mesmo tempo, sólido como uma rocha. O Pai é eminentemente mistério, e o mistério não se deixa agarrar nem analisar. O mistério simplesmente se aceita em silêncio. Deus não está ao alcance de nossa mão, como a mão de um amigo que podemos apertar com emoção. Não podemos manusear Deus, como quem manipula um livro, uma caneta ou um relógio. Não podemos dizer: "Senhor meu, vem esta noite comigo e amanhã podes ir embora". Não o podemos manipular.” ^{[pág. 39]}

“Entretanto, se o Pai é um mistério inacessível, é, também, um mistério fascinante. Se alguém se aproxima dele, ilumina e aquece. Se se aproximar mais ainda, incendiará. A Bíblia é um bosque de homens incendiados. Não podemos olhar seu rosto, diz a Bíblia. Em outras palavras, Deus não pode ser dominado intelectualmente enquanto estamos peregrinando por este mundo. Também não o podemos possuir vitalmente. Isso só será possível quando tivermos passado as fronteiras da morte. Enquanto estamos a caminho, se uma pessoa conseguisse "olhá-lo no rosto", morreria (cf. Ex 35,19-23). Em outras palavras, o Senhor Deus não pode entrar no processo normal do conhecimento humano. Todas as palavras que aplicamos ao Senhor para entendê-lo, ou melhor, para que nós entendamos quem é o Senhor Deus, são semelhanças, analogias, aproximações. Por exemplo, quando dizemos que Deus é pai, deveríamos acrescentar imediatamente que não é exatamente pai. É mais do que pai, ou melhor, é algo mais que um pai. Nós sabemos, por exemplo, o que significa na linguagem humana a palavra pessoa. Para entendermos quem e como é nosso Deus, tomamos o conteúdo da palavra pessoa, transportamos esse conteúdo e o aplicamos a Deus, dizendo: Deus é pessoa. Mas Deus não é exatamente pessoa, embora, em certo sentido, seja uma pessoa. Numa palavra, Deus não cabe nas palavras. Todas as palavras referentes a ele deveriam aparecer em forma negativa, como imenso, infinito, invisível, inefável, incomparável... É isso que a Bíblia quer dizer quando afirma que não podemos "olhar seu rosto". Nosso Deus, portanto, está sempre muito além das palavras e também de nossos conceitos. Ele é absolutamente outra coisa, ou absolutamente absoluto. Falando com exatidão, Deus não pode ser objeto de intelecção, mas apenas objeto da fé. Quer dizer, Deus, a gente o acolhe; não dá para entender. E "entende" melhor quando se acolhe de joelhos.” ^{[pág. 40/41]}