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Revista História em Foco - História das Religiões. Ano 5, nº 7, Fevereiro de 2017. Editora Alto Astral. Título da reportagem: “Cristianismo - A transformação da Páscoa”.

“A origem da Páscoa é judaica, de acordo com o cardeal Gianfranco Ravasi, autor do livro Êxodo. Muito antes da saída do povo judeu do Egito, o Pessach, palavra hebraica para a páscoa, seria um ritual típico de comunidades agrárias, celebrado por pastores nômades ou seminômades, entre o final da primavera e o início do verão no hemisfério norte (mês de abri). A principal parte do ritual era o sacrifício de uma cabra ou ovelha jovem, que depois era assada e consumida em um banquete por toda a família. "A estrutura da Páscoa tinha, na origem, um sabor tipicamente pastoral: migração para novas pastagens na lua cheia da primavera, vestimentas para a viagem (roupas no corpo e bastão), alimentos de ocasião (ervas amargas e pães cozidos sobre chapas de pedra), sacrifício para a fecundidade do rebanho (cordeiro não despedaçado para que, idealmente, retornasse ao rebanho), sangue propiciatório contra as ciladas da viagem", afirma Ravasi em sua obra. [...] Com a inserção da Páscoa no contexto do Êxodo tudo se transformou. [...] Com isso, a Páscoa - ou o Pessach — passou a representar o Êxodo e logo seria considerada como uma das festividades mais importantes do calendário israelita. Recheada de simbolismos, seu significado em hebraico é "passagem". Os antigos judeus costumavam celebrá-la em grandes reuniões familiares, nas quais era quase obrigatório servir-se um cordeiro assado e se comia o pão ázimo, feito sem fermento, e ervas amargas. [...] Segundo o livro do Êxodo, Deus instituiu a data falando pessoalmente a Moisés e Arão ainda no Egito, aos quais deu algumas instruções que hoje seriam condenáveis: cada família de Israel deveria sacrificar um cordeiro e com o sangue dos animais fazer marcas nas portas de suas casas. Isso porque o Senhor passaria pelo Egito naquela noite para ferir todos os primogênitos, mas as casas que tivessem as marcas do sangue dos cordeiros imolados estariam a salvo da ira divina. [...] Que Jesus era judeu há dúvida. E, como tal, dava grande importância à Páscoa. Talvez não tenha sido coincidência que os momentos finais e mais importantes de sua vida tenham ocorrido exatamente durante o período pascal — com duração de sete dias na tradição judaica.”



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.