Irmã Maria Consolata Betrone (Itália, 1903-1943). Obra "O coração de Jesus ao mundo, do Padre Lorenzo Sales (Itália, 1889-1972). Ed. Paulinas. Portugal. 2003. 283p." (pág. 54/55) “«Se, quando Jesus, desafogando o seu Coração, se lamenta de alguma alma, em vez de acreditar nos seus lamentos, o dissuado, dizendo-lhe: — Não, Jesus, isso não é assim... — e desculpo e me compadeço, sinto em mim que Jesus se resigna e acabo por orar por aquela alma.
O Coração de Jesus é um Coração materno. Se uma mãe, abatida pelas dores provocadas por um filho ingrato, chega a confiá-las a uma pessoa amiga; se aquela amiga, para consolá-la, a dissuade, apresentando-lhe o filho numa perspectiva diferente, oh! como aqueIa mãe se sente feliz por ainda poder acreditar que o seu filho é bom! Precisa de pensar assim, de acreditar nisso. O coração materno é um débil reflexo do Coração Divino! Mas uma mãe nunca poderá transformar um filho ingrato; Jesus, Sim, se lhe pedirmos, converterá aquela alma infiel que traspassa o seu Coração.» Era assim que ela escrevia a 5 de Dezembro de 1935.
Dois dias depois — como que a provar que esses sentimentos vinham dele e estavam conformes com a bondade do seu Coração Divino — Jesus confirmava-lho pessoalmente, palavra por palavra. Será uma repetição, mas agora são palavras divinas. «Uma verdadeira mãe, por muito feio que seja o seu filho, nunca o considera tal; para ela será sempre belo e assim o considerará o seu coração. Pois bem! É justamente assim que o meu Coração vê as almas: mesmo feias, mesmo enlameadas, mesmo sujas, o meu amor sempre as considerará belas. E sofro quando acabo por confirmar a sua fealdade; mas sinto-me feliz quando os meus sentimentos maternos me dissuadem da sua fealdade, me dizem que não é verdade e que continuam a ser belas. Bem sei que é um piedoso engano! Mas, que queres? Preciso de acreditar que é assim! As almas são minhas e por elas dei todo o meu Sangue! Compreendes agora quanto fere o meu Coração materno tudo o que é juízo severo, repreensão e condenação, embora fundamentado na verdade? E, pelo contrário, quanto me alivia tudo o que é compaixão, indulgência e misericórdia? Nunca julgues ninguém; nunca profiras uma palavra severa contra ninguém, mas consola o meu Coração, distrai-me das minhas tristezas e, com os bons ofícios da caridade, mostra-me só o lado bom de uma alma culpada; Eu acreditarei em ti e, depois, escutarei a tua oração a seu favor e atendê-la-ei.
Se soubesses quanto Eu sofro por ter de fazer justiça!...”