Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p." (pág. 281/282) “Era gente do povo e também gente de posição, que vinham interrogar, pela milésima vez, as privilegiadas crianças sobre as Aparições, acerca do segredo, sobre tudo, enfim, o que podia satisfazer, se não a religiosidade, a curiosidade dos que se expunham a grandes sacrifícios para se proporcionarem o gozo de ver e falar uns minutos com quem tinha ouvido, já neste mundo, a voz suave da Virgem. Todos voltavam bem impressionados da conversação com os serranitos. Bastava vê-los uma vez para se ficar convencido da verdade das suas afirmações. Um sorriso angélico, que lhes iluminava o rosto, uma alma pura que lhes brilhava nos olhos límpidos que se tinham extasiado na visão da mais sublime criatura saída das mãos de Deus, uma singeleza encantadora transpirando de todos os seus gestos e suas falas; tudo dizia que ali a mentira era impossível, que o embuste era incompatível com aquelas crianças. Os mais empedernidos, os mais rebeldes ficavam rendidos a tanta candura. As respostas que as crianças davam eram sempre as mesmas. O Francisco afirmava sempre que não tinha ouvido falar a branca Senhora, mas que A tinha visto, que a sua luz lhe cegava os olhos. Era só com a Lúcia que a Senhora conversava. A Jacinta sabia alguma coisa mais, mas confessava ingenuamente que, às vezes, não ouvia bem a Virgem, que muitas coisas já as tinha esquecido e que era preciso preguntarem à prima se queriam saber bem como as coisas se tinham passado. Era então à Lúcia que, de preferência, se dirigiam os curiosos e os devotos, e a Lúcia repetia mil vezes as mesmas coisas com as mesmas palavras. Só quando alguém porfiava em desvendar o segredo é que a Lúcia e a Jacinta se fechavam no mais absoluto silêncio, mostrando-se até pouco educadas.”