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Aparições de Nossa Senhora
       Aparições principais (ano e local)
             1917 - Fátima, Portugal

 Ensinamentos da pequena Jacinta, passados à Madre Godinho, quando esteve internada no Hospital de dona Estefânia, em Lisboa

Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p." (pág. 335/339, 342)

“Que essas Aparições não eram simples alucinações provam-no as palavras que ela em seguida proferia, palavras que contêm uma sabedoria impossível de não ser infusa. Uma criança de dez anos, com absoluta falta de instrução e com tão rudimentares conhecimentos religiosos, não poderia por certo inventar frases como as que seguem e que a Madre Godinho tão cuidadosamente apontou: Sobre o pecado: “Os pecados que levam mais almas para o inferno, são os pecados da carne. Hão-de vir umas modas que hão-de ofender muito a Nosso Senhor. As pessoas que servem a Deus não devem andar com a moda. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo. Os pecados do mundo são multo grandes. Se os homens soubessem o que é a eternidade, faziam tudo para mudar de vida. Os homens perdem-se, porque não pensam na morte de Nosso Senhor e não fazem penitência. Muitos matrimónios não são bons, não agradam a Nosso Senhor e não são de Deus”. Sobre a guerra: “Nossa Senhora disse que há muitas guerras e discórdias. As guerras não são senão castigos pelos pecados do mundo. Nossa Senhora já não pode suster o braço do seu amado Filho. É preciso fazer penitência. Se a gente se emendar, ainda Nosso Senhor valerá ao mundo; mas, se não se emendar, virá o castigo”. A propósito destas palavras a madrinha escrevia: “Refere-se a um grande castigo de que em segredo falara e que foi revelado ultimamente; nada nos impede de reproduzi-lo aqui. Nosso Senhor está profundamente indignado com os pecados e crimes que se cometem em Portugal. Por isso um terrível cataclismo de ordem social ameaça o nosso país e principalmente a cidade de Lisboa. Desencadear-se-á, segundo parece, uma guerra civil de carácter anarquista ou comunista, acompanhada de saques, morticínios, incêndios e devastações de toda a espécie. A capital converter-se-á numa verdadeira imagem do inferno. Na ocasião em que a divina justiça ofendida infligir tão pavoroso castigo, todos aqueles que o puderem fazer fujam dessa cidade. Este castigo agora predito convém que seja anunciado pouco a pouco e com a devida discrição. Coitadita de Nossa Senhora! — dizia a pequena — Ai eu tenho tanta pena de Nossa Senhora, tenho muita pena!”. Sobre os sacerdotes e os governantes: “Minha madrinha peça muito pelos pecadores! Peça muito pelos padres! Peça muito pelos Religiosos! Os padres só deviam ocupar-se das coisas da Igreja. Os padres devem ser puros, muito puros. A desobediência dos padres e dos Religiosos aos seus Superiores e ao Santo Padre ofende muito a Nosso Senhor. Minha madrinha, peça muito pelos governos! Ai dos que perseguem a Religião de Nosso Senhor! Se o governo deixasse em paz a Igreja e desse liberdade à santa Religião, era abençoado por Deus”. As virtudes cristãs: “Minha madrinha, não ande no meio do luxo, fuja das riquezas. Seja muito amiga da santa pobreza e do silêncio. Tenha muita caridade mesmo com quem é mau. Não fale mal de ninguém e fuja de quem diz mal. Tenha muita paciência, porque a paciência leva-nos para o Céu. A confissão é um Sacramento de misericórdia. Por isso é preciso aproximarem-se do confessionáno com confiança e alegria. Sem confissão não há salvação. A Mãe de Deus quer mais virgens que se liguem a Ela pelo voto de castidade. Eu ia com muito gosto para o convento; mas gosto mais ainda de ir para o Céu. Para ser religiosa é preciso ser muito pura na alma e no corpo”. E sabes tu o que quer dizer ser pura? — perguntava-lhe a madrinha. — Sei, sei. Ser pura no corpo é guardar a castidade; e ser pura na alma é não fazer pecados; não olhar para o que não se deve ver, não roubar, não mentir nunca, dizer sempre a verdade ainda que nos custe. Quem não cumpre as promessas que faz a Nossa Senhora nunca terá felicidade nas suas coisas. Os médicos não têm luz para curar os doentes, porque não têm amor a Deus. Quem foi que te ensinou tantas coisas? — perguntava-lhe então a Madre Godinho. — Foi Nossa Senhora mas algumas penso-as eu. Gosto muito de pensar. A Virgem Santíssima, todavia, não se contentava em ditar à sua confidente estas máximas. Às vezes, abria-lhe também o futuro. A madrinha fez um dia uma pergunta à senhora Olímpia, que tinha vindo visitar a filha: — Gostaria que as suas filhas, Florinda e Teresa entrassem na vida religiosa? — Deus me livre! — respondeu a boa mulher. Momentos depois a Jacinta que não tinha ouvido a conversa da mãe com a Superiora, dizia muito séria a esta última: — Nossa Senhora gostaria muito que as minhas irmãs se fizessem freiras. A minha mãe não quer, mas por isso Nossa Senhora não tardará a levá-Ias para o Céu. Assim foi: pouco depois da morte de Jacinta, morreram também as duas raparigas, Florinda de 17 anos e Teresa com 16 [em Portugal, rapariga significa moça jovem]. Um outro facto: A Madre Godinho havia muito que desejava ir visitar a Cova da Iria, mas nunca se lhe proporcionara ocasião. — Fique descansada, madrinha — assegurou-lhe um dia a Jacinta; — depois da minha morte há-de lá ir. Assim foi: não tendo sido possível, por circunstâncias imprevistas, sepultar o cadáver da Jacinta no jazigo da senhora dona Angelina da Conceição Lopes, no cemitério dos Prazeres, recebeu-se à última hora oferta da parte do Barão de Alvaiázere para se sepultar a vidente no jazigo da sua família em Vila Nova de Ourém. Lá teve que seguir também a Madre Godinho com as preciosas relíquias da sua protegida, continuando, naquele mesmo dia, para Fátima, onde teve a felicidade de conhecer também a Lúcia que a foi acompanhar à Cova da Iria. Numa outra ocasião pedindo-lhe um dos dois médicos que a tratavam que rezasse por ele no Céu, a pequenita respondeu que sim, mas logo depois, fitando-o com aquele olhar que via o futuro, acrescentava: — Olhe que vossemecê também vai, não tarda. Cena idêntica deu-se com o outro doutor, a quem predisse também a morte próxima, dele e da filha. Sobre um sacerdote a quem tinha ouvido um excelente sermão e que era considerado padre exemplar, a pequena exprimia com decisão o seu parecer desfavorável: — A madrinha, quando menos o esperar, ainda há-de ver como aquele padre é mau. A Jacinta tinha razão; pouco depois o infeliz sacerdote abandonava os deveres sacerdotais vivendo abertamente em escândalo. A propósito da operação que pretendiam fazer-lhe e que de facto fizeram, a Jacinta observava. — É tudo inútil. Nossa Senhora veio dizer-me que eu ia morrer em breve. E mandava escrever à Lúcia, dizendo-lhe que a Virgem lhe aparecera e lhe comunicara a hora e o dia da sua morte.” [pág. 335/339]

“O que mais a fazia sofrer, porém, era ver algumas enfermeiras ou outras pessoas que vinham visitar os doentinhos, atravessar a sala num trajo pouco modesto. — Para que serve tudo aquilo? — dizia referindo-se a determinados enfeites e decotes — Se soubessem o que é a eternidade!... Falando, então, de alguns médicos que ela julgava serem incrédulos, lastimava-os, dizendo: — Coitados, mal sabem eles o que os espera! Afirmava a pequena também que Nossa Senhora lhe havia novamente aparecido e que lhe tinha comunicado que o pecado que leva mais gente à perdição é o pecado da carne; que era preciso deixarem-se de luxos, que não deviam obstinar-se no pecado como até aqui, que era preciso fazer penitência. Todos os dias, a Madre Godinho vinha visitar a Jacinta. Eram momentos deliciosos que a pequena com sofreguidão aproveitava para desabafar as suas penas e fazer as suas confidências. Com a religiosa vinha também a dona Maria Amélia de Sande e Castro e outras pessoas amigas.” [pág. 342]




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