Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p." (pág. 382/383, 385) “...Foi então que a gente ganhou ainda mais devoção de vir aqui. Então, depois da capelinha feita, já eram aos milhares. E nem uma nascente, nem um poço sequer para tanto povo”. Quando em 12 de Outubro de 1926 o Senhor Bispo de Leiria visitou pela primeira vez o local das Aparições, não pôde deixar de reconhecer a necessidade urgente de se remediar tão grande falta. E deu ordem ao senhor Manuel Carreira para a abertura dum poço. “A princípio — diz-nos a boa mulher — pensou-se em abri-lo a uns 80 metros da Capelinha, ao pé duma figueira, mas, afinal, a ideia do José Alves é que vingou. Estavam presentes o senhor Marques dos Santos, o senhor Prior
[o Padre] de Santa Catarina e o senhor Vigário do Olival. Pela minha ideia, nunca o poço era aqui feito — dizia o José Alves. Então aonde? — perguntou o Vigário. — Ali! — E o José Alves apontou para o sítio onde a Cova parecia mais funda. — Porque, pode estar um mês e mais sem chover, e sempre a modo que há ali uma lentura e uns junqueiritos. — E lá é que se fez o poço por minha alta recreação! — costumava ele dizer. Mas mal se tinha chegado a meio dia de trabalho, dá-se na pedra. — E agora? — perguntaram os senhores padres. — Agora, fogo à pedra! É tratar de ir buscar já os utensílios precisos. A água apareceu abundante, mas nem se acabou o poço nem se cobriu. Ficou assim até ao ano seguinte”. Brotaria a água miraculosamente? Tal foi, pelo menos, a impressão da gente da serra e dos peregrinos de toda a parte, cada vez mais numerosos, que acorriam a haurir daquele manancial bendito. “Cá vinham narrava o bom José Alves — com garrafas e bilhas que enchiam para levar para suas casas, para os seus doentes beberem lavarem as suas chagas. Todos tinham muita fé na água e Nossa Senhora em paga lá ia tirando as dores e sarando as feridas. Nunca Nossa Senhora fez tantos milagres como naquele tempo. Muitos traziam as pernas que era uma lástima a escorrerem pus. Lavavam-se e lá deixavam as ligaduras porque Nossa Senhora os tinha curado. Outros ajoelhavam, bebiam daquela água barrenta e sentiam-se curados dos seus males interiores”.”
[pág. 382/383]“Depois da Capelinha das Aparições, foi portanto o Fontenário a primeira das edificações da Cova da Iria.”
[pág. 385]