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Aparições de Nossa Senhora
       Aparições principais (ano e local)
             1917 - Fátima, Portugal

 Aceitação da Igreja após o fim das aparições

Padre João De Marchi (1914-2003). Obra: "Era uma Senhora mais brilhante que o sol. Editora Consolata. 26ª edição. Versão em Português de Portugal. 2016. Fátima-Portugal. 447p."

“A igreja, após os primeiros anos de indiferença, ou mesmo de desconfiança, em face do progressivo movimento da Cova da Iria, começava a olhar atentamente o que ali se passava.” [pág. 356]

“Dom José logo viu que era de prudência afastar do lugar das “supostas” Aparições a única vidente que sobrevivia, a Lúcia. Isso por um dúplice motivo: primeiro, para poder fazer um exame imparcial e bem ponderado dos acontecimentos extraordinários dos quais ela era o centro, e, segundo, para poupar a pobre criança aos intermináveis interrogatórios a que continuamente era submetida por devotos e curiosos. Esta medida teria servido também para ver até que ponto as peregrinações à Fátima continuavam sem a presença da Lúcia, a cujo exclusivo prestígio muitos atribuíam esta afluência sempre crescente ao local das Aparições. Tratando-se apenas de obras de homens, ou, pior, das potências das trevas, talvez fosse o meio mais acertado para conseguir um resultado seguro. Se a mãe concordasse, nada de mais oportuno que afastar a pequena para um colégio qualquer, contanto que fosse longe da sua terra natal, num lugar onde ninguém a conhecesse, onde ninguém lhe falasse das coisas da Fátima. A senhora Maria Rosa aceitou com júbilo esta solução e um dia dirigiu-se ao Paço Episcopal com a Lúcia que ainda mais que a mãe rejubilava, não obstante a saudade com que deixaria a sua terra, pensando em poder ir esconder-se e iniciar, longe dos curiosos e dos importunos, aquela vida de oração e de sacrifício a que aspirava havia já tanto tempo. — Tu não dizes nada a ninguém para onde vais — recomendava, seriamente, Dom José à Lúcia. Sim, senhor Bispo — respondia a pequena abaixando a cabeça. No Colégio para onde vais não dizes quem és. — Sim, Senhor Bispo. — Nem dizes mais nada sobre as Aparições da Fátima. Sim, senhor Bispo — respondia pela terceira vez a criança. [...] A partida estava combinada para o dia 18; ninguém devia saber para onde ela ia, de ninguém ela devia despedir-se.” [pág. 357]

“Ninguém devia saber que ela deixava, talvez para sempre, o seu lugarejo natal para ir sumir-se no Colégio das Religiosas Doroteias em Vilar, no Porto.” [pág. 358]

“Durante os cinco anos que se seguiram às Aparições, a Autoridade Eclesiástica manteve a mais prudente reserva.” [pág. 387]

“O que é certo é que, antes de três meses, em 21 de Janeiro de 1927, era concedido para Fátima o privilégio da Missa Votiva. Em 26 de Julho do mesmo ano, o Prelado Diocesano preside, pela primeira vez, a um acto de culto na Cova da Iria, após a erecção da Via-Sacra na estrada de Leiria, desde o Reguengo do Fetal até Fátima. Já antes da visita do Núncio Apostólico, tinham vindo a Fátima o Arcebispo de Évora, Dom Manuel Mendes da Conceição Santos, e o Arcebispo Primaz de Braga, Dom Manuel Vieira de Matos. Depois vieram todos os Prelados do Continente, Ilhas e Colónias. O último, até mesmo em consentir que na Sua Diocese se invocasse publicamente Nossa Senhora sob o novo título, foi o Senhor Dom Domingos Frutuoso, de Portalegre. Tendo ido, porém, a Roma, e verificado como ali se venerava já Nossa Senhora de Fátima, e como o Santo Padre tinha distribuído estampas da mesma Imagem aos alunos do Colégio Português, voltou cheio de fervor pela Senhora, aparecida na sua Pátria dizendo: “Não quero ser mais papista que o Papa”. Organizou uma imponente peregrinação, em Março de 1931, e foi o primeiro Prelado que celebrou Missa solene de Pontifical na Cova da Iria. O primeiro, porém, que se apresentara ali com as vestes prelatícias, foi o Senhor Dom António Manuel Pereira, Bispo do Funchal, em 15 de Dezembro de 1926. Assim foi passando o tempo, até que a comissão de inquérito deu por findo o seu trabalho e o Senhor Dom José Alves Correia da Silva publicava, em Outubro de 1930, nova pastoral concernente às Aparições, que terminava com os seguintes e memoráveis parágrafos: “Em virtude das considerações expostas e outras que omitimos para maior brevidade, invocando, humildemente, o Divino Espírito e confiando na protecção da Virgem Santíssima, depois de ouvirmos os reverendos consultores desta Diocese. Havemos por bem: 1º — Declarar como dignas de crédito as Visões dos pastorinhos na Cova da Iria, freguesia da Fátima, desta Diocese, nos dias 13, de Maio a Outubro de 1917. 2º — Permitir, oficialmente, o culto de Nossa Senhora de Fátima”. Nada mais era preciso para desencadear sobre a Cova da Iria as torrentes de peregrinações que deveriam alcançar do Céu para a Terra Portuguesa, uma imensidade — e singularidade — de graças. Em 12 e 13 de Maio de 1937 é a primeira Peregrinação Nacional. Na mais corrente opinião, participa meio milhão de peregrinos. Preside o Núncio Apostólico. A Segunda Peregrinação Nacional efectua-se no dia 13 de Maio de 1938. Trata-se do cumprimento dum voto feito pelo Episcopado Português, se Nossa Senhora livrasse a Nação do perigo comunista que assolara a Espanha.” [pág. 389/391]




Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.