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Beata Anna Catharina Emmerich (Alemanha, 1774-1824). Obra: "Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus - As Meditações de Anna Catharina Emmerich. MIR Editora. São Paulo. 2015. 11ª Edição."

“Em conformidade com essas palavras, narra a estigmatizada da Westfália, a qual nas suas visões acompanhou o Divino Salvador nas viagens, ouviu-lhe os sermões, viu os milagres que Ele operou, milagres sem interrupção, principalmente depois do seu Batismo. Em grande número vinham os doentes a Ele ou eram transportados por outros e Ele os curava a todos, a não ser aqueles que eram endurecidos de coração. Muitas vezes até não esperava que se Lhe aproximassem, mas procurava-os, para os curar. Não curava, porém, a todos indistintamente. “Jesus pode curar todos, diz a serva de Deus, mas cura só os que creem e fazem penitência; e muitas vezes lhes avisa para não recaírem. Ele não veio a este mundo para dar a saúde do corpo e deixá-los de novo pecar, mas quer curar o corpo, para remir a alma e salvá-la." Jesus curou muitos homens acometidos de diversíssimas enfermidades: cegos, surdos, mudos, coxos, paralíticos, hidrópicos, epiléticos, doentes de febre, morféticos ou leprosos e muitos possessos de maus espíritos. De grande interesse é o que a vidente nos conta do modo por que Jesus operava as curas milagrosas. Jesus curava de vários modos: a uns de longe, com um olhar ou com uma palavra, a outros tocando-lhes, a outros impondo-lhes as mãos, a outros soprava ou benzia-os, a outros aplicava saliva nos olhos. Muitos o tocavam e ficavam curados; a outros fez sarar, sem que se virasse para eles. Curava cada um, conforme o mal, a fé ou à natureza, como ainda, agora de modo diferente, corrige e converte os pecadores. Jesus não rompia a ordem da natureza, mas apenas lhe anulava as leis; não cortava os nós, mas desatava-os e sabia desatar todos. Tinha todas as chaves e, sendo Homem-Deus, operava de modos humanos, santificando-os. Não cura sempre do mesmo modo: ora ordena, ora impõe as mãos; às vezes se inclina sobre os doentes, outras vezes os manda lavar-se, amassa barro com saliva e aplica-lhes nos olhos. A alguns admoesta, a outros diz os pecados, poucos são os que se recusa curar. [...] Jesus não curava todos do mesmo modo. Também não curava de modo diferente dos Apóstolos, Santos e sacerdotes até do nosso tempo. Impunha as mãos e rezava com os enfermos; mas fazia-o mais depressa do que os Apóstolos. Fazia os milagres e as curas também como modelos, para os seus sucessores e discípulos. Sempre procedia como convinha ao mal e à necessidade: tocava os coxos e os músculos recobravam força e eles se levantavam. Nos membros quebrados, tocava na fratura e as partes reuniam-se. Quanto aos leprosos, vi que, quando os tocava, as chagas se lhes fechavam, caindo-lhes as crostas secas imediatamente; mas ficavam manchas vermelhas, que desapareciam pouco a pouco, porém, mais depressa do que de costume e segundo o grau de merecimento dos doentes. Nunca vi que um corcunda se tivesse tornado direito num instante, ou um osso torto em osso reto. Não porque Jesus não pudesse fazê-lo, mas porque não queria que os seus milagres fossem espetáculos, mas, sim, Obras de misericórdia; eram símbolos da sua missão de desligar, reconciliar, ensinar, desenvolver, educar e resgatar. E, como exige a cooperação dos homens, para participarem da salvação, assim haviam de manifestar-se nas curas: fé, esperança, caridade, contrição e reforma dos homens, como cooperação nas mesmas.” [pág. 101/102]

“Em todo o seu agir e sofrer, revelava sempre modos e formas humanas, nada se lhe revestia de um cunho mágico ou se transformava instantaneamente. Vi em todas as curas uma certa transição, conforme a espécie da doença ou do pecado. Vi que em todos sobre os quais orava ou pousava as mãos, se efetuava uma momentânea calma e recolhimento e os doentes levantavam-se curados, como de um desmaio. Paralíticos levantavam-se vagarosamente e, sentindo-se curados, prostravam-se-lhe aos pés; mas a força interior e a agilidade dos membros voltavam só depois de certo tempo: em alguns depois de horas; em outros após alguns dias, etc. [...] Os leprosos perdiam, logo depois da cura, as crostas das chagas, mas ficavam-lhes manchas vermelhas, onde antes houvera lepra. Aqueles que recuperavam a vista ou o ouvido ou o uso da língua, sentiam ainda a princípio a falta de desembaraço nesses sentidos. Vi paralíticos curados, que não sentiam mais dores e podiam caminhar; a inchação não desaparecia imediatamente, mas em pouco tempo. Epiléticos ficavam curados no mesmo instante; quanto às febres, cessavam logo, mas os doentes não ficavam fortes e sãos no mesmo momento, mas restabeleciam-se como uma planta murcha, depois da chuva. Os possessos caiam geralmente num curto desmaio, levantando-se depois livres do demônio, e sossegados, mas ainda fatigados. Tudo se fazia com calma e ordem, somente para os infiéis e adversários, tinham os milagres de Jesus algo de terrível.” [pág. 103/104]




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