Revelacaocatolica.com
Beata Anna Catharina Emmerich (Alemanha, 1774-1824). Obra: "Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus - As Meditações de Anna Catharina Emmerich. MIR Editora. São Paulo. 2015. 11ª Edição." (pág. 475/478)

“Quando João foi atirado no óleo fervente, tinha ensinado na Itália, onde fora também preso. De Patmos, onde era muito benquisto e tinha convertido muitos, viajava às vezes, com os guardas, mesmo até Éfeso. As revelações do Apocalipse, não as recebeu de uma só vez, nem as escreveu ao mesmo tempo, mas com intervalos; somente três anos antes da morte foi que escreveu o Evangelho, no Interior da Ásia. — Tive várias visões do martírio deste Apóstolo, em Roma. Vi-o num pátio circular, cercado de um muro simples, onde o despiram e açoitaram; estava já muito velho, mas ainda tinha um aspecto delicado e juvenil. Vi-o também conduzido por uma porta para fora da cidade a um largo vasto e circular, onde havia uma caldeira alta e um pouco estreita, colocada sobre um fogão circular de pedra, o qual tinha aberturas embaixo, para entrar o ar. João vestia um manto largo, abotoado no peito, quase como o Senhor, quando foi escarnecido depois da coroação de espinhos. Havia em roda muita gente a olhá-lo. Tiraram-lhe o manto e vi o corpo sangrento pela flagelação. Dois homens levantaram João, que subia também. O óleo estava fervendo; embaixo faziam fogo com lenha curta, de cor escura, que traziam em feixes. Tendo João estado dentro da caldeira por algum tempo, sem sinal de dor ou queimaduras, tiraram-no; todo o corpo conservava-se ileso e renovado, pois todas as feridas feitas pelos açoites, tinham-se curado. Muita gente que o viu, precipitou-se para a caldeira, sem medo, enchendo pequenos jarros com o óleo e eu ficava admirada de que não se queimassem. João, porém, foi reconduzido à cidade. De Roma veio João de novo a Éfeso vivendo ali alguns dias escondido. Só de noite visitava as moradas dos cristãos e também celebrou o santo sacrifício em casa de Maria. Depois mudou, com alguns discípu10s, para Kedar, onde três anos antes da morte escreveu o Evangelho, na solidão. Os discípulos não estavam presentes quando escrevia; moravam um pouco afastados e só de vez em quando iam levar-lhe alimento. Vi que escrevia deitado sob uma árvore e que, quando chovia, em cima do Apóstolo permanecia o céu claro e não o molhava. Viveu ali mais tempo, ensinando também e convertendo muita gente nas cidades. De lá voltou novamente a Efeso. [...] Tive também uma bela visão da morte de São João. Estava já muito velho, tinha o rosto ainda belo, delicado e juvenil. Vi-o partir e distribuir o pão divino, creio que por três dias em seguida, numa Igreja de Éfeso. Lembro-me que Jesus lhe tinha aparecido, anunciando-lhe a morte; recordo-me só obscuramente, mas vi muitas vezes Jesus lhe aparecer. [...] João, em pé à beira da cova, rezou com os braços estendidos; depois colocou dentro o manto, entrou e, sentando-se, ainda rezava. E veio-lhe um grande esplendor, enquanto ainda falava; os discípulos estavam prostrados por terra, chorando e rezando. Vi depois uma coisa maravilhosa: Quando João caiu vagarosamente deitado e expirou, vi no esplendor que o encimava, uma figura resplandecente, semelhante a ele, sair-lhe do corpo, como de um invólucro grosseiro e desaparecer com a luz. Depois vi também os outros discípulos, que se aproximavam e se prostravam em roda do sepulcro, sobre o corpo sagrado, que foi coberto em seguida. Vi também que o corpo do Apóstolo não está mais na terra, mas entre norte e leste, num lugar resplandecente como o sol; vi que lá era como um intermediário, recebendo alguma coisa de cima e levando-a para baixo. Vi esse lugar como ainda pertencente à terra, mas elevado acima dela e inacessível."



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.