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Beata Anna Catharina Emmerich (Alemanha, 1774-1824). Obra: "Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus - As Meditações de Anna Catharina Emmerich. MIR Editora. São Paulo. 2015. 11ª Edição." (pág. 506)

“Vi Apolônia mais tarde, presa em casa, por ordem do Juiz, conduzida ao tribunal e depois lançada no cárcere. Vi que foi conduzida repetidas vezes para diante do juiz, sendo cruelmente maltratada, por causa das palavras severas e decididas com que confessava a fé cristã. Era um espetáculo que feria o coração e eu não podia deixar de chorar amargamente, ao passo que podia ver outros martírios, muito maiores, com grande calma. Talvez fosse a idade e o aspecto venerável da mártir o que me comovia. Davam-lhe pancadas com maças, batiam-lhe no rosto e na cabeça com pedras. Esmagaram-lhe o nariz, o sangue corria-lhe da cabeça, as faces e a boca estavam rasgadas, os dentes tinham-lhe saltado fora, com as pancadas. Vestia a veste branca, com os lados abertos, com a qual tantas vezes tenho visto os mártires.
Por baixo tinha uma camisa de lã. Estava sentada num assento de pedra sem encosto, as mãos amarradas atrás na pedra e também os pés atados. Tinham-lhe arrancado o véu, o longo cabelo pendia-lhe solto em redor da cabeça. O rosto estava todo desfigurado e coberto de sangue. Um dos carrascos segurava-a por detrás, puxando-lhe a cabeça, outro lhe abria a boca ferida, introduzindo-lhe à força na mesma um pedaço de chumbo. Depois lhe arrancou o carrasco um dente após outro com um grosso tenaz, quebrando-lhe ainda pedaços da mandíbula. Durante essa tortura, em que Apolónia sofreu até cair desmaiada, vi que Anjos, almas de santos mártires e também a aparição de Jesus a consolavam e confortavam e que implorou e recebeu a graça de tornar-se protetora contra dores de dentes, de cabeça e do rosto. Como não deixava de louvar a Jesus e desprezar os sacrifícios dos ídolos, mandou o juiz que fosse conduzida à fogueira e se não mudasse de convicção, lançada ao fogo. Vi que não podia mais andar sozinha; estava já semimorta. Dois carrascos levantaram-na pelos braços e arrastaram-na a um lugar elevado e plano, onde ardia uma fogueira, numa fossa. Diante da fogueira, parecia pedir uma coisa. Não podia mais levantar a cabeça. Os pagãos julgaram que quisesse negar Jesus ou que vacilasse na fé e soltaram-na. Ela, porém, caiu por terra moribunda. Rezou, mas de repente se levantou e deitou-se nas chamas.”



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.