Frei Boaventura Kloppenburg, O.F.M.. (Alemanha – 1919-2009). Obra: "Espiritismo: orientação para os católicos. São Paulo. Edições Loyola. 1989. 2ª edição. 203p." (pág. 117/118) Sustenta AK
[Allan Kardec] que "as próprias palavras de Jesus não permitem dúvida a tal respeito"; e cita Jo 3,3: "Respondendo a Nicodemos, disse Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se um homem não nascer de novo, não poderá ver o reino de Deus" (I, n. 222). Podemos encontrar estas palavras nos cabeçalhos de revistas e jornais espíritas, como se fossem a mais insofismável afirmação da reencarnação. No entanto, a coisa não é tão evidente. E primeiramente chamo a atenção para a tradução, que não é de todo exata. São João escreveu seu evangelho em grego. A palavra que interessa no caso é o "nascer de novo". No original grego diz ánoothen que quer dizer: nascer do alto. Por isso a tradução exata da passagem seria assim: "Quem não nascer do alto não pode entrar no reino de Deus". Já se vê que assim a dificuldade é sensivelmente menor, se é que já não desapareceu de todo. E se lermos o texto inteiro, em seu contexto, veremos que o próprio Nicodemos não o entendera bem e ele pedira maiores esclarecimentos. E então Jesus explica seu pensamento: "Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do alto (outra vez: ánoothen), por meio da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do espírito é espírito". Jesus insiste: é preciso nascer do alto, sim, mas "por meio da água e do espírito". E isso, evidentissimamente, não é reencarnação. Também em outros lugares a Sagrada Escritura fala desta necessidade de "nova" vida, da regeneração espiritual: "Renovai-vos, pois, no espírito do vosso entendimento, e vesti-vos do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade verdadeira" (Ef 4,23-24); "despojando-vos do homem velho com todas as suas obras e revestindo-vos do novo, aquele que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (CI 3,9-10); “ se não vos converterdes e vos não fizerdes como crianças, não haveis de entrar no reino dos céus" (Mt 18,3). Por isso o sacramento do batismo, instituído por Cristo (cf. Mt 28,19; Mc 16,16), mas negado pelos reencarnacionistas, foi sempre chamado de "sacramento da regeneração". São Paulo a Tito nos dá um eco fiel das palavras de Cristo a Nicodemos e da verdadeira doutrina cristã: "Pois também nós dantes fomos néscios, desobedientes, extraviados, escravos de toda sorte de concupiscências e prazeres, vivendo na maldade e na inveja, dignos de ódio e odiando-nos uns aos outros. Mas apareceu então a benignidade e o amor humanitário de Deus, nosso salvador. Não movido pelas obras justas que houvéssemos feito nós (durante as reencarnações), mas pela sua misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo da regeneração e renovação do Espírito Santo, que ele abundantemente derramou sobre nós... (Tt 3,3-6; cf. Gl 3,27; 1Cor 6,11). Por isso, para são João, quem foi batizado é "nascido de Deus". E isso é ánoothen: "Nascer do alto" ou "nascer de novo". Mas não é, nem de longe, a reencarnação dos ocultistas de nossos tempos.
Roberto Andrade Tannus. Obra "Conhecendo Melhor a Fé Católica. Ed. Gólgota. 8ª edição. Goiânia, 2018. 190p." [Pág. 168/169:]Quando Jesus afirmou a Nicodemos que é preciso nascer de novo, isso nada tinha a ver com reencarnar, nascer de novo em outro ventre. Vejamos: Jesus replicou-lhe: "Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus" (Jo 3,3).
O doutor da Lei, ao ouvir as palavras de Jesus, começou a pensar que “nascer de novo” era o mesmo que "reencarnar", voltar ao ventre de uma mãe: Nicodemos perguntou-lhe: "Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e
nascer pela segunda vez (Jo 3,4 — grifo nosso).
Jesus censura este pensamento herege de que “nascer de novo” é nascer uma segunda vez de um ventre de uma mãe (reencarnar). Não é nada disso que Jesus quis afirmar:
Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. Não te maravilhes que eu te tenha dito: Necessário vos é nascer de novo. Respondeu-lhe Nicodemos: “Como se pode fazer isso?” Disse-lhe Jesus: “És doutor em Israel e ignoras essas coisas?” (Jo 3,6a.7.9-10)
Jesus rejeitou completamente a ideia de que "nascer de novo" é reentrar em um ventre de uma mãe e nascer pela segunda vez. O ensinamento de Jesus é outro. Ele afirma: "É preciso nascer da água e do Espírito", ou seja,
nascer para Deus através do sacramento do Batismo. Não tem nada a ver com reencarnação: entrar uma segunda vez em um ventre para renascer.