Lawrence Joffe. Obra: "A História Épica do Povo Judeu. São Paulo. 2017. Editora M.Books do Brasil. 368p." “Para muitos, o Talmude representa a constituição religiosa e civil do povo judeu, uma constituição portável que os ajudou a sobreviver por quase dois milênios na diáspora. Outros o consideram a compilação e o repositório de todo o conhecimento tradicional judaico. Num sentido mais amplo, "Talmude" representa um processo ao longo de séculos, uma forma de vida para seus estudiosos e um guia para todos os judeus observantes. Ele engloba as leis, debates étnicos, dizeres dos sábios, história e filosofia, perguntas e respostas, comentários sobre significados ocultos na Bíblia e até mesmo lendas populares e aforismos. Dentro dessa imensa obra, que continua a ser aprimorada até os dias atuais e, por definição, nunca termina, os livros denominados Talmude formam apenas, embora primordiais, uma parte. Os Talmudes da Palestina e da Babilônia, numa definição estrita, são uma explanação da lei oral. A tradição judaica diz que a lei oral acompanhou a lei escrita, ou a Torá (Bíblia hebraica), recebida no Monte Sinai e posteriormente transmitida oralmente por profetas, anciãos, fariseus e rabinos a seus alunos ao longo das gerações.
[...] A primeira transcrição da lei oral a ser escrita foi a Mishná. O rabino Yehuda Ha-Nasi, sumo sacerdote do Sinédrio, editou essa compilação em 200 d.C. Essencialmente, a Mishná resume os debates dos séculos anteriores e a partir deles define as obrigações dos judeus em todas as esferas da vida. Credita-se ao rabino Akiva (50-135 d.C.) de idealizar o processo de associar cada prática tradicional a uma base no texto bíblico. Esse processo se chama exegese. Akiva também ajudou a sistematizar uma grande quantidade de materiais que foram incluídos na Mishná. Mas por que Rabi Yehuda Ha-Nasi decidiu redigir a lei oral? Alguns afirmam que o fato de muitos eruditos terem morrido durante as duas revoltas da Judeia, incluindo Akiva, o antigo sistema usado pelos rabinos para instruir seus alunos não seria mais suficiente.”
[pág. 135/136]“A Mishná marcou o fim de um processo e o início de outro. Consolidou no formato escrito o que antes era transmitido oralmente.
[...] O Talmude babilônico tem quatro vezes o tamanho do palestino, contém 5.894 fólios e geralmente é impresso em 12 volumes.”
[pág. 138/139]