Jesus diz: ^[...] Pode-se amar cada vez mais e, mesmo assim, nunca chegar ao limite porque, quanto mais se realiza e se aperfeiçoa, mais cresce o amor.
O que é realizado no mundo, isto é, a obra realizada pelos homens, não está sujeito a qualquer aumento. Está concluído e assim permanece. Retocá-lo, adicionar partes, significaria estragá-lo. Mas o amor não é humano. É algo sobre-humano. Você tem a capacidade de amar a Deus, porque você vem de Deus. É por isso que a Caridade pode ir da perfeição à perfeição maior à medida que o espírito é aperfeiçoado.
Diz o Eclesiástico: «O temor de Deus é o princípio do seu amor, e a ele deve estar unido o princípio da fé».
O temor de Deus é o primeiro grau de amor. Quem teme já respeita e reconhece que aquele a quem se dirige o seu medo é alguém superior a ele, um senhor ou, pelo menos, um chefe. Os filhos que não são perfeitamente bons temem o pai. Os dependentes que não são perfeitamente bons temem o mestre. Os animais que não são perfeitamente bons temem o domador.
O crente, que pára na primeira curva da escada mística que sobe para Deus, teme a Deus, cujo rosto ele vê brilhar ali, longe, muito longe; um rosto que, visto de longe, parece severo porque só se notam os seus traços principais, enquanto o sorriso, o olhar, a voz passam despercebidos. Muitos estão paralisados pela majestade de Deus e se esquecem da paternidade de Deus, paternidade tão generosa que até sacrificou seu primogênito para salvar os outros filhos. Esses crentes não praticam o mal porque temem a Deus e, portanto, serão recompensados com a vida eterna.
Mas não terão o prêmio que, por outro lado, é – enquanto a jornada terrena ainda dura – para aqueles que não se limitam a temer a Deus mas, superando o medo, dão a segunda rodada da escala mística e prosseguem no desejo de conhecer a Deus mais de perto, pois têm a certeza de que, se o conhecerem melhor, o amarão ... Na verdade, quanto mais alto sobem, mais percebem o que Deus significa. O desejo se transforma em afeto. O afeto, que Deus recompensa com carícias suaves e convidativas, torna-se amor. E o amor ... oh, amor, o amor não sobe mais um degrau após o outro. O amor tem asas e voa ...