Maria Valtorta (Itália, 1897-1961). Obra: "O Livro de Azarias" (1946-1947) (Página 122/125 – 16/06/1946) Azarias
[o Anjo da Guarda de Maria Valtorta] diz:
[...] "
Deus é a eternidade; Ele é, portanto, continuidade. Não há interrupções em suas obras. Uma gera a outra, à medida que os Três se procedem. A Trindade imprimiu seu selo e semelhança sobre suas ações. Estas são, portanto, uniformes e multiformes, mas nunca separadas ou interrompidas. Uma cadeia de amor infinita, eterna e inextinguível, pois tudo o que Deus faz é amor, prosseguindo ininterruptamente por anos e séculos. O ano litúrgico é também uma cadeia em que uma parte gera a outra e não tem fim, pois cada um tem uma razão de existência para se preparar para o outro. Glorifiquemos o Senhor por este magnífico procedimento do seu tempo, que se reflete no pequeno tempo do ano litúrgico. E prossigamos no conhecimento dele, após justa e devida homenagem à Trindade perfeita.
“O santo patriarca exclama, e a liturgia adota as palavras do homem justo: "Bendizei ao Deus do céu e louvai-o antes dos vivos, porque Ele tem misericórdia de vós". Na especificação litúrgica, a frase inicial é alterada para "Santíssima Trindade e Unidade indivisível" e mais tarde nas especificações das Três Pessoas, para enfatizar a sublime doutrina – nunca suficientemente contemplada, meditada e amada – da Unidade e da Trindade de Deus. Mas a essência do convite é esta: "Proclame corajosamente, mesmo diante dos inimigos de Deus ou daqueles que, embora não o combatam, são frios ou indiferentes à Divindade ou acreditam que seja um mito proveniente da necessidade do homem de acreditar em algo – que Deus existe e é ativo porque existe e é todo misericordioso em suas obras.
Esta pregação humilde e santa é concedida as todos que acreditam. Não há ignorância, por mais profunda que seja, que proíba um verdadeiro fiel de pregar a Deus e sua misericórdia. Não são apenas palavras aprendidas ou ações sublimes que pregam a Deus. É – e isso penetra mais profundamente até mesmo em quem não conhece e não quer conhecer a Deus – fé simples, inabalável, serena até na dor, a profissão, com obras que são inteiramente paz, inteiramente esperança, caridade e resignação, que Deus é misericordioso e que somente a bondade pode vir dEle.
[...] "As palavras da oração na Santa Missa em honra da Santíssima Trindade são, então, verdadeiras: "Ó Deus, que concedeu aos teus servos, pela profissão de fé verdadeira, para que possam conhecer a glória da Trindade Eterna e adorar a Unidade no poder de sua majestade ....
“A Unidade e Trindade de Deus é um mistério. Ninguém, por mais santo que seja, pode penetrá-lo. Nem mesmo aqueles a quem foi revelado em parte podem dizer que o conheceram – pois nem tudo pode ser dito a alguém que ainda é mortal. É um mistério tão deslumbrante que o homem não pode fixar-se nele para conhecê-lo integralmente. Superior a todos os outros mistérios. É o mistério incompreensível porque é o mistério mais sublime. Portanto, apenas a fé heróica, apoiada por um forte amor, pode levar alguém, senão dentro, ao seu limiar e permitir que se ouça, por assim dizer, o murmúrio divino da Unidade dos Três, escondido além da parede cegante de seu Fogo. O amor mais forte é – e lembro-vos que ao grau de amor que a criatura alcança, corresponde um respectivo grau do amor de Deus multiplicado pelo seu poder, pois Deus ama dar-se a quem O busca sem medida, Aquele que se doa com misericórdia e providência até mesmo aos filhos que não O buscam – o mais forte é o conhecimento, porque a distância é mais reduzida, porque a alma está mais unida a Deus que desce – já que a alma não pode subir ao abismo da elevação onde arde a Trindade – ao Deus que se doa para ser conhecido o mais possível, arde para ser inteiramente conhecido, inteiramente possuído por seu filho quando a recompensa do Paraíso é dada à sua fé, seu amor, seu heroísmo.