Maria Valtorta (Itália, 1897-1961). Obra: "Lições sobre a Carta de São Paulo aos Romanos" (1948-1950) (Página 77/78 – Lição n° 26 – 12-14/06/1948) O Espírito Santo diz:
[...] Tudo poderia ter sido suficiente para o Pai, a fim de alcançar o objetivo de ser capaz de entregar Graça ao homem caído, e o Pai poderia ter feito qualquer coisa sem alcançar aquele abismo de aniquilação e aquele ápice de tristeza que Ele desejou para Seu Filho para que o pecado pudesse ser eliminado e o Céu reaberto aos filhos adotivos de Deus. No entanto, quais consequências teriam resultado? Aqueles de novos pecados de rebelião, de desordem, de orgulho, de aspereza e de negação que teriam precipitado a Humanidade mais uma vez no abismo extraído dela pelo Redentor, e Sua obra como Mestre, Fundador e Santificador dos homens teria sido em vão.
Teria a Humanidade orgulhosa, e a de Israel mais do que qualquer outra, talvez curvado sua testa diante da doutrina, da justiça, das declarações de um homem, e um homem do povo, do filho de um carpinteiro de Nazaré, se nem mesmo cedeu aos prodígios de Seus milagres e de Sua Ressurreição e Ascensão?
O poder de um homem, mesmo que o mais santo, a quem Deus temporariamente se unisse, teria alcançado seu propósito de tornar uma religião aceitável? ao contrário de suas doutrinas, à tripla concupiscência que morde, queima e enlouquece os homens? Era conveniente e justo que a mais perfeita Religião fosse pregada e fundada com a única permanência do Emanuel na Palestina?
Deve-se pensar em um mundo convertido [unicamente] pelos ensinamentos de um homem, mesmo que muito sábio?
Nenhuma dessas questões pode ter uma resposta afirmativa. Não teria sido possível, nem justo, nem conveniente. Porque o homem o teria tornado inútil e impossível de seguir com seus sofismas, incredulidade, escândalos injustos e ironias tolas e irreverentes.
Porque a Religião de Cristo deveria ser universal, e sempre foi contemplada como tal pelo Pensamento divino; por esta razão, deveria ser sustentada, apoiada e reconhecida como única e perfeita, perpétua até o final dos séculos, digna de ser seguida por todas as nações, não apenas pela nação palestina que já é o “Povo da Deus” que se mutou, porém, ao longo dos séculos, e especialmente nos últimos três anos da vida terrena do Verbo Encarnado, no “Povo do anti-deus”.
Porque a desproporção entre pecado e expiação teria sido muito grande, entre o oceano de pecados passados, presentes e futuros de toda a Humanidade, desde Adão até o último ser vivente, e a extensão do sacrifício, se este não tivesse sido uma imolação total.
Porque a prova da verdadeira Personalidade de Jesus Cristo teria sido de fato muito fraca para muitos incrédulos se Ele tivesse retornado ao Pai após ter cumprido Sua missão como Mestre, Fundador e Santificador sem ter sido primeiro torturado e morto dessa maneira e na presença das multidões de todas as nações que se reuniram em Jerusalém para a Páscoa, de modo que tanto os israelitas prevaricadores e deicidas como os gentios ignorantes do verdadeiro Deus se tornaram, apesar de si mesmos, testemunhas e testificadores da verdadeira Personalidade de Jesus Cristo, Deus e Homem; Ele que por si mesmo ressuscitou dos mortos e apareceu a muitos após a ressurreição, após ter sido capturado, torturado e morto por aqueles de seu próprio povo e confirmado como morto pela lança do romano, e que ascendeu ao céu por seu próprio poder, novamente à vista de muitos que correram de volta a Jerusalém para o festival da colheita iminente ou das sete semanas, mais tarde chamado de Pentecostes, de todas as partes da Diáspora, sejam eles israelitas puros ou prosélitos, ou famílias mistas constituídas de gentios e Hebreus.
Nada é sem razão nas coisas estabelecidas ou permitidas por Deus. E a razão é perfeita e boa. Assim, Cristo foi imolado na sexta-feira da Páscoa, ressuscitou enquanto as multidões da Páscoa permaneciam e ascendeu quarenta dias depois, quando a cidade estava novamente lotada de peregrinos que retornavam para o Pentecostes ou que haviam parado para realizar os dois ritos de apresentação de cada menino do sexo masculino no templo, para as duas festas da primavera.
Esses peregrinos, ao se dispersarem depois para regressar às cidades da sua própria Diáspora, e também a outros lugares, teriam difundido a história dos prodígios vistos por onde viveram e, sem o saberem, teriam servido para divulgar o verdade ao mundo que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus, Aquele Predito pelos Profetas, o [longamente] esperado Messias, Salvador e Redentor; quanto ao mesmo propósito Pôncio Pilatos serviu em seu relacionamento com Caio Tibério César no julgamento e condenação de “um hebreu de Nazaré de nome Jesus, morto pela vontade do povo porque foi acusado de subverter a nação e de instigar as pessoas a não pagarem tributos a César, já que havia apenas um rei na Terra e esse homem era Ele: Jesus”; como Longino e os outros legionários serviram, que viram a mansidão e a majestade resplandecente mesmo sob as vestes de feridas que desfiguravam o Mártir, que ouviu as palavras solenes no interrogatório do Procônsul, e que ao longo do caminho para o Calvário e da cruz foram testemunhas dos prodígios que acompanharam Sua morte.
Tudo e todos serviram para testificar que Jesus de Nazaré era o Filho de Deus.
Observem e meditem, oh homens, em que horas os principais eventos de Cristo ocorreram. O nascimento ocorreu quando o edito de um César chamou de volta os hebreus espalhados pela Terra à sua cidade de origem para serem registrados. A morte, a ressurreição e a ascensão ocorreram quando os mandamentos da Lei mosaica reuniam os dispersos filhos de Israel ao redor do Santo Templo na cidade sagrada.
É a Humanidade que deve ser salva por aquele Menino chorando na manjedoura. E a Humanidade, representada não só pelos palestinos, mas também pelos hebreus exilados em outras nações, que se reuriram, nessa época, na nação onde Ele nasceu.
É a Humanidade que deve ser resgatada pelo inocente Cordeiro de Deus que morre na Cruz, que se reúne na cidade deicida e homicida durante o tempo em que é imolado para testemunhar o crime cometido no momento e da maneira predita pelos Profetas para o Rei Messias: Homem-Deus.