Maria Valtorta (Itália, 1897-1961). Obra: "O Evangelho como me foi revelado" (1944-1950) (Vol. 4 – Segundo ano da vida pública de Jesus – Cap. 272. Reencarnação e vida eterna explicado a um escriba – Página 154/155 – 06/09/1945) [o Escriba diz a Jesus:] «Então Israel deve morrer? É uma planta perversa? »
[Jesus diz:] «É preciso morrer para ressuscitar.»
[o Escriba diz:] «Uma reencarnação espiritual?»
[Jesus diz:] «Uma evolução espiritual. Não há reencarnação de nenhum tipo. »
[o Escriba diz:] «Alguns acreditam nisso.»
[Jesus diz:] «Eles estão errados.»
[o Escriba diz:] «O helenismo também espalhou essas crenças entre nós. E os eruditos se alimentam delas e se orgulham delas, como se fossem um alimento dos mais nobres. » «Uma contradição absurda em quem grita anátema quando um dos menores seiscentos e treze preceitos é negligenciado.» "É verdade. Mas é assim que as coisas são. As pessoas gostam de imitar até o que odeiam. »[Jesus diz:] «Bem, imita-me, visto que me odeias. E seria melhor para você. »
[Maria Valtorta comenta:] O escriba não pode deixar de rir da observação espirituosa de Jesus. O povo escuta de boca aberta e os que estão mais longe pedem aos que estão perto de Jesus e do escriba que repitam suas palavras.
[o Escriba diz:] «Mas, em segredo, o que achas da reencarnação?»
[Jesus diz:] «Que é um erro. Eu te disse. »
[o Escriba diz:] «Há quem afirme que os vivos se originam dos mortos e os mortos dos vivos, porque o que existe não se destrói.»
[Jesus diz:] «Na verdade, o que é eterno não pode ser destruído. Mas me diga. Na sua opinião, o Criador tem limitações para Ele? »
[o Escriba diz:] «Não, Mestre. Pensar nisso seria uma diminuição. »
[Jesus diz:] "Você está certo. Pode-se, então, pensar que Ele permite a reencarnação de um espírito, porque não podem existir mais do que tantos Espíritos? »
[o Escriba diz:] «Não se deve pensar assim. No entanto, existem alguns que acreditam nisso. »
[Jesus diz:] «E o que é pior, Israel acredita. O pensamento da imortalidade do espírito – que já é grande, mesmo que esteja associado ao erro de uma avaliação errada por um pagão de como tal imortalidade ocorre – deveria ser perfeito em um israelita. Em vez disso, torna-se um pensamento pequeno, baixo e culpado naqueles que acreditam nele nos termos da tese pagã.
Não é a glória de um pensamento que se mostra digno de admiração por se aproximar da Verdade por si mesmo e que, portanto, atesta a natureza composta do homem, como é nos pagãos, por causa da intuição deles numa vida eterna da misteriosa coisa que se chama alma e nos distingue dos animais.
Mas é uma degradação do pensamento, que deveria estar familiarizado com a Sabedoria Divina e o Deus Verdadeiro, mas se torna materialista mesmo em uma coisa tão espiritual.
Um espírito transmigra apenas do Criador para o ser e do ser para o Criador, a Quem se apresenta depois desta vida para receber uma sentença de vida ou de morte. Essa é a verdade. E permanece para sempre onde for enviado. »[o Escriba diz:] «Você não admite o Purgatório?»
[Jesus diz:] "Sim eu admito. Por que você me pergunta? »
[o Escriba diz:] «Porque Tu dizes: “Fica onde é enviado”. O purgatório é temporário. »
[Jesus diz:] «É por isso que em Meu pensamento eu associo o Purgatório à Vida eterna. O Purgatório já é “vida”. Atordoada, empatada, mas sempre vital. Após a estada temporária no Purgatório, o espírito atinge a Vida perfeita, sem qualquer limitação ou amarração. Duas coisas permanecerão: o Céu e o Abismo; o Paraíso e o Inferno. Duas categorias: o abençoado e o condenado. Mas, desses três reinos que agora existem, nenhum espírito virá se revestir de carne [não haverá reencarnação]. E isso até a ressurreição final, que terminará para sempre a encarnação dos espíritos na carne, do imortal no mortal. »[o Escriba diz:] «Não é do eterno?»
[Jesus diz:] «Deus é eterno. A eternidade não deve ter começo nem fim. E isso é Deus. A imortalidade deve continuar a viver desde o início da vida. E esse é o espírito do homem. Essa é a diferença. »[o Escriba diz:] «Você diz: “Vida Eterna”.»
[Jesus diz:] "Sim.
A partir do momento em que o homem é criado para viver, por causa de seu espírito, pela graça e por sua própria vontade, ele pode alcançar a Vida eterna. Não a eternidade. A vida implica um começo. Não dizemos “a vida de Deus”, porque Deus não teve princípio. »[o Escriba diz:] «E quanto a ti?»
[Jesus diz:] «Viverei porque também sou carne e ao Meu espírito divino uni a alma do Cristo em carne de homem.»
[o Escriba diz:] «Deus é chamado [por exemplo, em Jeremias 10:10] de “Deus vivo”.»
[Jesus diz:] «Na verdade, Ele não conhece a morte. Ele é vida. A vida sem fim. Não é a vida de Deus. É a vida. Só isso. Eles são nuances, ó escriba. Mas a Sabedoria e a Verdade revestem-se de nuances. »