Maria Valtorta (Itália, 1897-1961). Obra: "Lições sobre a Carta de São Paulo aos Romanos" (1948-1950) (Página 23 – Lição n° 5 – 08/01/1948) O Espírito Santo diz:
[...] Porém, por mais que Paulo falasse aos homens do seu tempo, aos homens que viviam no meio dos pagãos, mais do que pagãos: os que não tinham deus – porque se eles ainda respeitassem um deus, isto é, uma lei moral, mesmo que imperfeita,
porque mesmo um homem que é absolutamente ignorante de todos os códigos religiosos sente instintivamente, quando ele não é aquele que não quer sentir, a existência de um Ser Supremo a quem seu espírito aspira a partir de sua própria natureza espiritual, a quem ele busca como espiritual que é o de reunir-se ao Espírito de quem teve seu início – aqueles sem um deus, que voluntariamente desejavam não ter nenhuma lei moral, mas apenas uma natural para impedi-los, por mais que Paulo falasse com esses homens que viviam entre esses monstros, ele ainda deixava de fora os aspectos mais sombrios e perversos. Por que ele os deixou de fora? Porque ele os ignorou. Ele havia subido com seu espírito ao terceiro céu e veio a conhecer muitas verdades, até aquelas do fim dos tempos. No entanto, ele não soube de uma perversidade desses tempos semifinais,
uma perversidade que pressupõe a vinda da apostasia e a manifestação do homem do pecado. Ele escreveria aos tessalonicenses: “O mistério da iniqüidade já está em ação”, mas ele então também disse: “Só há Um agora que o restringe e que o reprimirá até que seja removido de nosso meio”. Mas quando nove décimos da humanidade, no entanto, rejeita Aquele que restringe a evolução do mistério da iniqüidade e permite que o mistério se torne uma realidade horrenda, com o reino nefasto da Besta que se proclamará Deus exigindo honras divinas; quando honras divinas já foram dadas à Besta; quando ela é invocada e evocada, entretanto, com
ritos obscenos em sua honra; Deus pode continuar a defender contra o avanço da Serpente do Abismo?
E que nome devo dar aos ritos obscenos, às horrendas orgias que terminam em cópulas satânicas nas quais o senhor e o sacerdote é o próprio Satanás?
E que nome devo usar para chamar corretamente este pecado supremo, esta religião satânica, superior em atrocidade a todas as outras religiões antigas mais bárbaras ou que ainda existe entre os selvagens hoje? Aqui, os corpos das vítimas inocentes não são imolados aos deuses, como outrora a Moloque. Aqui, homens civilizados não são mortos para homenagear um deus selvagem. Mas aqui, um imola o Imolado; aqui, alguém atinge o Inocente;
aqui, dá-se em sacrifício ao Adversário o Filho de Deus encarnado que vive no Santíssimo Sacramento com Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. [a Eucaristia] Oh! Como Lúcifer deve estar rindo com sua risada horrenda, nestes tempos e horas de sua glória! Esta – ele, o maldito, o fulminado, o expulso por Deus – em seu trono, naquele trono no qual os homens o levantam; e para sua zombaria horrenda,
a ele é oferecido o Cordeiro, Aquele a quem Satanás nunca foi capaz de vencer, Ele em quem Satanás nunca foi capaz de entrar, Ele que foi vitorioso sobre o Demônio centenas e milhares de vezes, Quem o conquistou por vinte séculos e Quem o conquistará até o fim, libertando os espíritos de boa vontade de seu triunfo efêmero [de Satanás]. Ele [Satanás] será conquistado. Mas, nesse ínterim, ele tem a aparência de um conquistador.
E o Sacramento dos sacramentos, este mistério de amor para o qual até mesmo o amor mais seráfico do homem nunca é suficiente para dar-lhe uma honra [sacramento] digna, é dado pelos homens como um meio a Satanás para seu triunfo efêmero. Paulo não sabia disso. Não. A misericórdia de Deus manteve este pecado, que faz tremer todo o Céu, em segredo. E – ouçam bem, ó vocês que tremem de horror ao lado do Céu –
e se aqueles que profanam as Espécies Sagradas ignorando que nelas está o Cristo vivo e verdadeiro, assim como Ele estava na Terra e está no Céu, se eles não acreditam em sua presença nas espécies consagradas, suas práticas seriam reduzidas a um mero ato de magia. No entanto, eles sabem. E isso constitui seu pecado sem perdão. A oração do Redentor não se aplica a eles porque “sabem o que fazem”.