Maria Valtorta (Itália, 1897-1961). Obra: "Lições sobre a Carta de São Paulo aos Romanos" (1948-1950) (Página 55/57 – Lição n° 23 – 21-28/05/1948) O Espírito Santo diz:
[...] Até mesmo Adão foi formado de carne além do espírito. Mas ele não era carnal, pois o espírito e a razão governavam acima da matéria. E o espírito inocente, cheio de Graça, tinha uma semelhança admirável com Seu Criador, inteligente o suficiente para compreender o quanto ele superava toda a natureza. A elevação do homem à ordem sobrenatural, ou seja, à progênie de Deus por meio da Graça, elevou a inteligência do homem – já muito vasta por conta do dom sobrenatural do conhecimento inato e capaz de compreender todas as coisas naturais – à inteligência sobrenatural de ser capaz de compreender o que é incompreensível para quem não está predisposto a um dom sobrenatural: de ser capaz de compreender Deus e, em menor medida, de ser sua imagem fiel para a ordem e justiça, caridade, sabedoria e liberdade de todas as restrições humilhantes.
[...] O espírito, o intelecto e a matéria constituíam nele uma harmonia total, e esta harmonia estava presente desde o primeiro momento de seu ser, não em fases sucessivas como alguns desejam. Não houve autogênese e não houve evolução, mas houve a Criação desejada pelo Criador. A razão de que o homem tanto se orgulha deveria convencê-lo de que a coisa inicial não pode se formar do nada, e de uma coisa única e inicial não pode sair tudo. Só Deus pode colocar o caos em ordem e povoá-lo com inúmeras criaturas que formam a Criação. E este mais poderoso Criador não teve limitações em Sua criação, que era múltipla, nem em criar criaturas já perfeitas, cada uma perfeita de acordo com o propósito para o qual foi criada. E se esta verdade é certa para as criaturas inferiores, com um fim natural e limitado no tempo, é ainda mais certa para o homem que foi criado para um fim sobrenatural e com um destino imortal de glória celestial.
Será que alguém poderia pensar em um paraíso cujas legiões de santos, exaltando-se ao redor do trono de Deus, sejam o produto final de uma longa evolução de animais selvagens? É tolice pensar que Deus criou uma Criação de coisas sem forma, esperando ser glorificado por elas quando essas criaturas individuais e todas as demais criaturas alcançassem, com evoluções sucessivas, a perfeição de sua natureza para que assim se fizessem adequadas para o fim natural ou sobrenatural para o qual foram criadas. O homem do presente não é o resultado de uma evolução ascendente, mas o doloroso resultado de uma evolução descendente, pois o pecado de Adão prejudicou para sempre a perfeição físico-moral-espiritual do homem original.
Ele a maculou de tal maneira que nem mesmo a Paixão de Jesus Cristo, que embora devolva a vida da Graça a todos os batizados, pode anular os resíduos do pecado, as cicatrizes da grande ferida, ou seja, daqueles fomentos que são a ruína daqueles que não amam a Deus ou que não O amam muito. E esse pecado é o tormento dos justos que não gostariam de ter o mais leve pensamento tirado das vozes dos fomentadores e que lutam a batalha heroica em toda a sua vida para permanecer fiel ao Senhor. O homem não é o resultado de uma evolução, assim como a Criação não é o produto de uma autogênese. Para haver evolução, é preciso sempre ter uma primeira fonte criativa. Pensar que a infinita [quantidade de] espécies existentes veio da autogenia de uma única célula é um absurdo impossível. Para viver, a célula precisa de uma base vital com elementos que permitem e mantêm a vida. Se a célula se formou do nada, onde ela encontrou os elementos para se formar, viver e se reproduzir? Se não existia mesmo quando começou a existir, como encontrou os elementos vitais: ar, luz, calor e água? O que ainda não é, não pode criar. E como então a célula encontrou os quatro elementos em sua formação? E quem os deu, qual fonte teve a semente da “vida”? E quando, supondo que esta [célula] inexistente tivesse sido capaz de se formar a partir do nada, como, de sua unidade e espécie únicas, poderiam ter vindo dela tantas espécies diversas, tantas quantas existem na Criação sensível? Estrelas e planetas, torrões de terra, rochas, minerais, as variadas e inumeráveis espécies do reino vegetal, as ainda mais diversas e numerosas espécies e famílias do reino animal, de vertebrados a invertebrados, de mamíferos a ovíparos, dos quadrúpedes aos humanos
[como se quer alegar], dos anfíbios e répteis aos peixes, dos carnívoros ferozes aos dóceis ovinos, daqueles que estão armados e cobertos por duras armaduras ofensivas e defensivas aos insetos que mesmo a mais ínfima coisa basta para destruir, aos gigantescos habitantes das florestas virgens, aos assaltos aos quais ninguém resiste, mas somente aqueles de seus próprios colossais [homólogos], a todas as classes de antropóides até os protozoários e bacilos;
todos vindos de uma única célula? Tudo de uma geração espontânea? Se fosse esse o caso, a célula seria maior que o Infinito.
Por que o Infinito, o Sem Medida em todos os seus atributos, trabalhou por seis dias, seis épocas, para fazer a Criação sensível, subdividindo o trabalho criativo em seis ordens ascendentes e evolutivas de criação, esta sim, em direção a uma sempre maior perfeição? Não para que Ele pudesse aprender a criar ainda mais, mas para a ordem que governa todas as Suas operações divinas. Esta ordem teria sido violada – e isso teria feito a sobrevivência do homem, a última criatura a ser criada, impossível – se o homem tivesse sido feito primeiro e antes que a Terra tivesse sido criada em todas as suas partes e tornada habitável pela ordem colocada em suas águas e em seus continentes, e tornada reconfortante por meio da criação do firmamento; tornada luminosa, bela e fértil pelo sol benéfico, pela lua brilhante e pelas inúmeras estrelas; transformada em uma casa, um dispensador, um jardim para o homem para todas as criaturas vegetais e animais que a cobrem e povoam.
O homem, em quem os três reinos da Criação sensível são representados em síntese [mineral; vegetal, representando a vida; e animal],
foi feito no sexto dia, e em uma verdade maravilhosa, sua criação por Deus através da alma espiritual infundida por Deus na matéria do homem .
[...]
A teoria da origem do homem segundo o evolucionismo, que se baseia na conformação do esqueleto e na diversidade das cores da pele e aparência para sustentar sua afirmação errônea, não é uma teoria contra a verdade da origem do homem – criatura criada por Deus – mas a seu favor. Porque o que revela a existência de um Criador é exatamente a diversidade das cores, das estruturas, das espécies das criaturas queridas por Ele, o Mais Poderoso. E se isso é válido para as criaturas inferiores, é ainda mais válido para a criatura-homem; aquele que é homem criado por Deus, ainda que pelas circunstâncias do clima e da vida, e mesmo pela corrupção – e assim veio o dilúvio [que eliminou os ramos corruptos da humanidade, as monstruosidades] e depois, muito mais tarde, nas prescrições do Sinai e nas maldições mosaicas, tão severos o comando e a punição (Levítico c. XVIII, v.23 e Deut. c. XXVII, v.21) – ele, o homem, mostra um aspecto e cores diferentes de raça para raça. É um fato comprovado, ratificado e confirmado por contínuas provas, que uma forte impressão pode atuar sobre uma futura mamãe de forma a fazê-la dar vida a uma pequena "aberração" que espelha em sua composição o objeto que perturbou a mãe. Também está provado que a longa convivência entre povos de raças diferentes da ariana produz, por meio de uma mimese natural, uma transformação mais ou menos marcada dos traços de um rosto ariano naqueles que não são arianos. Também está comprovado que condições ambientais e climáticas especiais influenciam o desenvolvimento dos membros e as cores da pele .
Portanto, as nuvens sobre as quais os evolucionistas gostariam de basear o edifício de sua presunção não o sustentam, mas na verdade favorecem seu colapso. Pereceram no dilúvio os ramos corruptos da humanidade tateando na escuridão conseqüente à queda, escuridão na qual apenas para uns poucos e justos, como por meio de fortes nevoeiros, alcançaram mais uma vez um único raio da estrela perdida: o memória de Deus e Sua promessa. Portanto, uma vez que os monstros foram destruídos, a Humanidade foi preservada e multiplicada novamente a partir da linhagem de Noé, julgada justa por Deus. Assim, ele foi devolvido à primeira natureza do primeiro homem, ainda feito de matéria e espírito, e assim permaneceu mesmo depois que o pecado despojou o espírito da Graça divina e de sua inocência.Quando e como o homem receberia a alma se ele fosse o produto final de uma evolução de animais selvagens? Deve-se supor que as feras receberam a alma espiritual junto com a vida animal? A alma imortal? A alma inteligente? A alma livre?
Só o pensamento disso é uma blasfêmia. Como então elas poderiam passar adiante o que não tinham? E poderia Deus ter se ofendido ao infundir a alma espiritual, Seu sopro divino, em um animal que evoluiu por tanto tempo quanto se deseja pensar, mas, no entanto, veio de uma longa procriação de feras?
Até mesmo esse pensamento é ofensivo ao Senhor. Ao querer criar uma população de crianças para difundir o amor do qual Ele superabundou e receber o amor do qual Ele tem sede,
Deus criou o homem diretamente, com Sua perfeita vontade, em uma única operação que se deu no sexto dia criativo em que fez do pó uma carne viva e perfeita, carne que então animou por causa de sua condição particular de homem, filho adotivo de Deus e herdeiro do céu .
E ainda não só com a alma “que até os animais têm em suas narinas e que cessa com a morte do animal, mas com a alma espiritual que é imortal, que sobrevive além da morte do corpo e que reanimará o corpo para além da morte, ao soar das trombetas do Juízo Final e do Triunfo do Verbo Encarnado, Jesus Cristo, para que as duas naturezas que viveram juntas na Terra vivam juntas no gozo ou no sofrimento, de acordo com o que ambos mereceram juntos, para a eternidade. >Esta é a verdade, quer você a aceite ou rejeite. No entanto, embora muitos de vocês queiram rejeitá-la obstinadamente, chegará um momento em que a conhecerão perfeitamente e ela se gravará em seu espírito, fazendo-os convencer-se de ter perdido para sempre o Bem por ter desejado seguir o orgulho e a mentira. A verdade é que quem não aceita a criação do homem como obra de Deus não pode entender com precisão o que constitui exatamente o Pecado, o motivo da condenação, as consequências desses dois. E a criação tal como eu disse, isto é, que o homem foi criado de uma só vez, sempre tendo a capacidade, se quiser, de se guiar em todas as suas ações para que todas possam ser voltadas para alcançar o fim para o qual o homem foi criado; o fim imediato: amar e servir a Deus durante sua vida terrena; e o fim final: desfrutá-Lo no Céu.
Nota/comentário do site revelacaocatolica.com:
No texto acima, quando se diz que é “um fato comprovado, ratificado e confirmado por contínuas provas”, deve-se dar como interpretação mais plausível que o Espírito Santo não está se referindo a uma prova divina, pois as verdades eternas não precisam ser submetidas a experimentos, comprovações, ratificações e provas científicas. Possivelmente Ele está se referindo a algum estudo científico publicado na época de Maria Valtorta que prova que o homem está realmente sujeito a mutações (como, por exemplo, as diferenças na cor da pele ou na estrutura óssea entre as raças), sem, entretanto, ter ficado comprovado que o homem de hoje é o produto de um longo processo evolutivo. Por isso, o Espírito Santo diz que “as nuvens sobre as quais os evolucionistas gostariam de basear o edifício de sua presunção não o sustentam, mas na verdade favorecem seu colapso”, porque se restringem apenas a provar a ocorrência de mutações, nada mais.