Maria Valtorta (Itália, 1897-1961). Obra: "O Livro de Azarias" (1946-1947) (Página 66/67 e 69 – 28/04/1946) Azarias
[o Anjo da Guarda de Maria Valtorta] diz:
[...] "Desde o primeiro capítulo desta história multimilenar, a verdade de que o homem vem de Deus e Deus lhe dá a salvação e reserva o Céu para ele nunca se perdeu ou se anulou. E quando não houver mais o tempo, e a última palavra se somar à longa História – os ressuscitados verão isso – desde que nasceu de Deus, a linhagem dos santos triunfará sobre o mundo e o tempo e os enganos humanos e satânicos, possuindo vida perpétua no Reino eterno criado no princípio para os filhos de Deus, conservado para aqueles filhos mesmo depois do pecado, restaurado pelo Holocausto de Cristo, aberto por sua morte e dado aos justos para a alegria do Pai em dar o que Ele criou para eles.
Mas qual é a vitória que triunfa sobre o mundo? "É a nossa fé", garante João [o apóstolo João]. De fato, sem fé em Deus, em sua recompensa, na sabedoria de seus mandamentos, como pode o homem superar os anjos no mérito das lutas a serem vividas para merecer a recompensa prometida? Ele não sucumbiria, como o soldado que sabe que está separado de seus companheiros, desarmado, sem esperança, e se abandona aos inimigos, derrotado pelo desespero e não por eles?
"Mas o fiel sabe! O fiel sabe! Ele vê. Atrás da barreira dura, cruel e insidiosa que o cerca, separa, se opõe e o tenta por todos os lados e tenta persuadi-lo de que tudo acaba aqui embaixo, que o além não existe, que Deus não existe, que não há recompensa ou punição, e que é sábio aproveitar a hora presente, ele vê, como se já estivesse na outra vida, pois a fé dá visão sobrenatural; ele vê que Deus existe, que a vida continua e que há uma recompensa. E ele chega a essa recompensa por meio da fé, o que o faz ter esperança, amor, luta e vencer Satanás, o mundo e a carne. E se ainda pudesse ser difícil crer antes da vinda do Salvador Jesus, nos tempos de severidade e indignação, em que o homem só tinha palavras como base de sua fé, depois da vinda do Salvador a fé teve todos os meios para crescer e triunfar. Fé no perdão de Deus, na possibilidade de salvação, na verdade da Lei, no Reino dos Céus. Jesus deu testemunho por tudo, em tudo e de tudo, por sua Santíssima Encarnação, por sua Palavra Divina, por sua Santíssima Morte, or sua gloriosa ressurreição. "A fé, em corações não vendidos às trevas, se expandiu enormemente por meio desses testemunhos, sentindo que um Deus que se humilha na carne para salvar o homem sem dúvida perdoará e terá uma recompensa e um reino para dar aos salvos. A certeza de uma segunda vida imortal cresceu enormemente, pois do contrário a Encarnação não teria sido necessária – se tudo acabasse na morte. A fé em Cristo, o verdadeiro Filho do verdadeiro Deus, cresceu enormemente com a prova de sua verdadeira Humanidade oferecida por Si mesmo sendo capaz de derramar seu sangue e morrer, e com a prova de sua verdadeira Divindade através dos testemunhos da voz do Pai, dos milagres e da Ressurreição. Para quem tinha um coração desejoso de crer, a fé se tornava mais fácil por meio de Jesus Cristo, acreditando ser o verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, prova de amor, perdão e poder. "E quem acredita nisso vence o mundo, porque sua fé está apoiada em um fundamento que não desmorona. [...] Mas aqueles que dizem que crêem em Deus e rejeitam a fé na Santíssima Divindade e Humanidade de Cristo não têm Fé neles e, conseqüentemente, estão separados de Deus, atacantes de Deus e morto para Deus. «Para eles, o Ressuscitado que os precedeu no Reino dos Céus é nulo e vazio. Para eles é nula e vã a contínua manifestação de Cristo nas obras dos Servos de Deus e da Igreja por Ele fundada. As palavras da esperança divina são inúteis.
Não há paz em quem não acredita. Também seria inútil Deus se mostrar a eles. Eles rejeitariam isso como um delírio. Uma vez perdida a fé, ou simplesmente esmagada pelos racionalismos da ciência, não é mais possível admitir que Deus é onipotente, e, portanto, milagres – quaisquer que sejam sua forma e natureza – também são negados por eles. Oh, para quantos Santos Jesus poderia dizer as palavras ditas a Tomé: "Vem aqui, observe, e não sejas incrédulo, mas acredite!"
O mundo está repleto de Tomés! Pois bem, o meu Senhor faz-me dizer àqueles que por orgulho – esta é a planta má que extingue a fé – nada podem admitir senão o que entendem, esquecendo que Deus é infinito em tudo e são limitados em todos os aspectos: "Bem-aventurados aqueles que são capazes de acreditar mesmo sem compreender a razão de algo". Abençoados por sua simplicidade, por sua humildade. Abençoados por seu abandono
[à fé].