Revelacaocatolica.com CRÍTICA:
Segundo Dom Estêvão Bettencourt (OSB) (21/03/2013) (conforme publicado no site http://www.amoranossasenhora.com.br/as-revelacoes-a-maria-valtorta-dom-estevao-bettencourt/):
Quando o texto de 1Pd 3,19 afirma que Jesus foi ter à prisão anunciar aos justos do Antigo Testamento a realização da obra da Redenção, está usando uma imagem corrente entre os judeus. Estes imaginavam que debaixo da Terra (plana) havia um compartimento reservado aos mortos (sheol); a margem ou orla superior desse compartimento, chamada limbo, era destinada aos justos do Antigo Testamento; para lá terá descido Jesus após morrer na Cruz e antes de ressuscitar. Ora tal compartimento subterrâneo não existe; o limbo dos justos do Antigo Testamento é um estado e não um lugar, como também o inferno é um estado e não um lugar. Apesar disto, lê-se à p. 84:
Jesus disse à Maria Valtorta: "Eu vos digo: Eu, que também criei aquele lugar, quando desci ali para trazer do limbo aqueles que aguardavam a minha vinda, senti horror, eu, Deus, daquele horror; e, se não fosse coisa feita por Deus e, por conseguinte, imutável (porque perfeita), eu o faria menos atroz, porque sou o Amor e me senti dolorido por causa daquele horror".
O texto parece identificar o chamado "limbo dos Pais" (estado dos justos que aguardavam a Redenção, sem sofrer castigo) com o inferno, atribuindo àquele estado os tormentos característicos do inferno. Na verdade, o inferno, sim, é estado doloroso para os réprobos, ao passo que o limbo dos Pais era um estado de paz e expectativa sem dor (ao contrário, com a alegria decorrente da certeza da salvação). O limbo dos Pais deixou de existir após a Redenção realizada por Cristo, enquanto o inferno dura para sempre; Deus não o criou, mas deve-se dizer que é cada réprobo quem cria o inferno para si, na medida em que diz Não a Deus, o Sumo Bem.
Nota/comentário do site revelacaocatolica.com:
Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre o Inferno:
1033. [...] Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados d"Ele, se descurarmos as necessidades graves dos pobres e dos pequeninos seus irmãos (629). Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus, significa permanecer separado d"Ele para sempre, por nossa própria livre escolha. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra «Inferno».
1035. A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno» (632). A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.
Podemos verificar que enquanto o item 1033 dá a entender que o Inferno é um estado de espírito (auto-exclusão), e não um lugar propriamente dito, o item 1035, ao contrário,
dá a entender que o Inferno é um lugar específico quando diz
"as almas descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno»". De fato, é muito difícil, humanamente falando, pensar no Inferno apenas como um estado de espírito. Afinal, a alma tem de ir ou ficar em algum lugar,
ainda que seja um lugar espiritual. Pode-se acrescentar ainda que
muitos santos da Igreja Católica tiveram visões sobre o Inferno e o Purgatório como sendo um lugar. É o caso dos pastorinhos nas aparições de Nossa Senhora de Fátima, Santa Teresa de Ávila, Santa Faustina, Santa Francisca Romana e São João Bosco.