Pedro Siqueira (Brasil – 1971-X). Obra: "Viagens Místicas: Minhas esperiências com anjos e santos em peregrinações pelo mundo. Ed. Sextante. 2021. Rio de Janeiro. 141p." (pág. 103/104) O auge do tumulto brasileiro se deu por volta de meio-dia, quando chegamos ao local onde se encontra a imagem mais perfeita que conheço da Virgem Maria, comemorativa de sua quarta aparição em 19 de agosto de 1917. É uma estátua esculpida pela artista portuguesa Amélia Carvalheira.
Durante as outras vezes em que lá estive, rezando com algumas pessoas, havia ocorrido o milagre do sol. Quando ele se inicia, o sol diminui sua luminosidade, ficando extremamente fácil observá-lo a olho nu. Assim, não há perigo em contemplar sua dança e mudança de forma.
Porém, quando percebi que alguns tentavam olhar para o sol, fiquei preocupado, pois o fenômeno não é visível a todos. Numa situação normal, o astro não deve ser encarado diretamente sem algum tipo de proteção para os olhos.
Aliás, usando óculos de grau o potencial risco é maior ainda.
De nada adiantou explicar tudo isso às pessoas. Então, vendo Ismael
[o anjo da guarda de Pedro Siqueira] próximo do enorme nicho onde está a estátua, desisti de falar qualquer coisa e fui ficar ao seu lado. De fato estava havendo o milagre do sol agora, provocando uma histeria coletiva, mas nem todos conseguiam vê-lo. Pelo menos, para meu consolo, percebi que algo em torno de 70% do grupo podia enxergá-lo com tranquilidade.
Um número menor, algo em torno de 50%, podia ver os anjos que transitavam no lugar, aparecendo como luzes coloridas de diversos tamanhos, que desciam do céu ou se moviam velozmente. Uma das mulheres até me perguntou se aquilo não era um esquadrão de óvnis.
Voltando-me para os olhos de luz verde do meu anjo, resolvi perguntar:
— Ismael, você acha que esse espetáculo todo vai servir para aumentar a fé dessa gente? Você acha que eles vão se tornar criaturas mais espiritualizadas depois de terem visto com os próprios olhos essa pequena parcela do mundo espiritual?
— Para alguns deles, isso terá um bom efeito. Para os demais, será algo que ficará na memória, mas não mudará a forma como dão atenção à espiritualidade.
— Que pena... — comentei, um tanto desanimado, assistindo à cena.