Bíblia Ave Maria (Sabedoria 13:1-19) 1.São insensatos por natureza todos os que desconheceram a Deus e, através dos bens visíveis, não souberam conhecer aquele que é, nem reconhecer o artista, considerando suas obras. 2.Tomaram o fogo, ou o vento, ou o ar agitável, ou a esfera estrelada, ou a água impetuosa, ou os astros dos céus, por deuses, regentes do mundo. 3.
Se tomaram essas coisas por deuses, encantados pela sua beleza, saibam, então, quanto seu Senhor prevalece sobre elas, porque é o criador da beleza que fez essas coisas. 4.Se o que os impressionou é a sua força e o seu poder, que eles compreendam, por meio delas, que seu criador é mais forte; 5.
pois é a partir da grandeza e da beleza das criaturas que, por analogia, se conhece o seu autor. 6.Contudo, estes só incorrem numa ligeira censura, porque, talvez, eles caíram no erro procurando Deus e querendo encontrá-lo: 7.vivendo entre suas obras, eles as observam com cuidado, e porque eles as consideram belas, deixam-se seduzir pelo seu aspecto. 8.Ainda uma vez, entretanto, eles não são desculpáveis, 9.porque, se eles possuíram luz suficiente para poder perscrutar a ordem do mundo, como não encontraram eles mais facilmente aquele que é seu Senhor? 10.
Mas são desgraçados e esperam em mortos, aqueles que chamaram de deuses a obras de mãos humanas: o ouro, a prata, artisticamente trabalhados, figuras de animais, alguma pedra inútil a que, outrora, certa mão deu forma. 11.Assim, um lenhador cortou e serrou uma árvore fácil de manejar. Habilmente ele lhe tirou toda a casca, e, com a habilidade do seu ofício, fez dela um móvel útil para seu uso. 12.Com as sobras de seu trabalho, cozinhou comida, com que se saciou. 13.O que ainda lhe restava não era bom para nada, não passando de madeira torcida e toda cheia de nós; contudo, ele a tomou e consagrou suas horas de lazer a talhá-la; ele a trabalhou com toda a arte que adquirira, e deu-lhe a semelhança de um homem, 14.ou o aspecto de algum vil animal. Pôs-lhe vermelhão, uma demão de uma tinta encarnada, e encobriu-lhe cuidadosamente todo defeito. 15.Em seguida, preparou-lhe um nicho digno dele, e o fixou à parede, segurando-o com um prego: 16.foi por medo que caísse, que tomou este cuidado, porque sabe muito bem que ele não pode ajudar-se a si mesmo, pois não passa de uma estátua que tem necessidade de um apoio. 17.
Mas quando lhe implora por seus bens, seus casamentos, seus filhos, não se envergonha de falar ao que é inanimado, e pede saúde ao que é desprezível. 18.Reclama a vida ao que é morto, e procura socorro no que é débil; e, para uma viagem, invoca o que não pode andar; 19.para um lucro, um trabalho, o bom êxito de uma obra de suas mãos, pede a força ao que nem é capaz de mover as mãos.
NOTAS: 13,10. Aquele que: aqueles que fabricam ídolos são imperdoáveis porque
eles bem sabem que não são verdadeiros deuses. – Mortos: os mortos não têm nenhuma eficiência; é, pois, inútil confiar neles.
Bíblia Ave Maria (Sabedoria 14:6-8.12.24-27) 6.Assim, com efeito, quando na origem dos tempos fizestes perecer gigantes orgulhosos, a esperança do universo,
refugiando-se num barco, que vossa mão governava, conservou para o mundo o germe de uma geração. 7.
Porque é bendito o madeiro pelo qual se opera a justiça, 8.mas maldito é o ídolo, ele e o que o fez; este porque o formou, aquele porque, sendo corruptível, leva o nome de deus.
[...] 12.
Foi pela idealização dos ídolos que começou a apostasia, e sua invenção foi a perda dos humanos. 13.Eles não existiam no princípio e não durarão para sempre; 14.a vaidade dos homens os introduziu no mundo. E, por causa disso, Deus decidiu a sua destruição para breve. 15.Um pai aflito por um luto prematuro, tendo mandado fazer a imagem do filho, tão cedo arrebatado, honrou, em seguida, como a um deus aquele que não passava de um morto, e transmitiu aos seus certos ritos secretos e cerimônias. 16.Este costume ímpio, tendo-se firmado com o tempo, foi depois observado como lei. 17.Foi também em consequência das ordens dos príncipes que se adoraram imagens esculpidas, porque aqueles que não podiam honrar pessoalmente, porque moravam longe deles, fizeram representar o que se achava distante, e expuseram publicamente a imagem do rei venerado, a fim de lisonjeá-lo de longe com seu zelo, como se estivesse presente. 18.Isto contribuiu ainda para o estabelecimento deste culto, mesmo entre os que não conheciam o rei; foi a ambição do artista 19.que, talvez, querendo agradar ao soberano, deu-lhe, por sua arte, a semelhança do belo; 20.
e a multidão, seduzida pelo encanto da obra, em breve tomou por deus aquele que tinham honrado como homem. 21.E isto foi uma cilada para a humanidade: os homens, sujeitando-se à lei da desgraça e da tirania, deram à pedra e à madeira o nome incomunicável. 22.Como se não bastasse terem errado acerca do conhecimento de Deus, embora passando a vida numa longa luta de ignorância, eles dão o nome de paz a um estado tão infeliz. 23.Com efeito, sacrificando seus filhos, celebrando mistérios ocultos, ou entregando-se a orgias desenfreadas de religiões exóticas, 24.eles já não guardam a honestidade nem na vida nem no casamento, mas um faz desaparecer o outro pelo ardil, ou o ultraja pelo adultério.
[...] 27.porque o culto de inomináveis ídolos é o começo, a causa e o fim de todo o mal.
NOTAS: 14,21. Nome incomunicável: o nome de Deus.
Bíblia Ave Maria (Sabedoria 15:7-11.15-18) 7.Eis, portanto, um oleiro que amassa laboriosamente a terra mole, e forma diversos objetos para nosso uso, mas da mesma argila faz vasos destinados a fins nobres e outros, indiferentemente, para usos opostos. Para qual destes usos cada vaso será aplicado? O oleiro será o juiz. 8.
Do mesmo barro, forma também, como obreiro perverso, uma vã divindade, ele que, ainda há pouco, nasceu da terra, e em breve voltará a ela, de onde foi tirado, quando lhe serão pedidas as contas de sua vida. 9.Ele mesmo não tem preocupação alguma com o próprio desfalecimento, nem com a brevidade da vida; ele rivaliza, pelo contrário, com aqueles que trabalham o ouro e a prata, imita os que trabalham o cobre. 10.Pó é o seu coração, mais vil que a terra sua esperança, e
põe sua glória em fabricar objetos enganadores. E mais desprezível que o barro é sua vida, 11.
porque não reconheceu aquele que o formou, aquele que lhe inspirou uma alma ativa e lhe insuflou o espírito vital.
[...] 15.porque
eles também tiveram por deuses todos os ídolos das nações, que não podem servir-se de seus olhos para ver, que não têm nariz para aspirar o ar, nem ouvidos para ouvir, nem os dedos das mãos para apalpar, e cujos pés são incapazes de andar; 16.foi, com efeito, um homem que os fez, formou-os alguém que recebeu a alma de empréstimo.
Nenhum homem pode fazer um deus, mesmo semelhante a si próprio, 17.porque, sendo ele próprio mortal, morto é tudo que produz com suas mãos ímpias. De fato, ele vale mais que os objetos que venera; ele, pelo menos, tem vida, enquanto os ídolos não a têm. 18.
Chega-se até a adorar os mais odiosos animais, que são piores ainda que os outros animais irracionais,
NOTAS: 15,14. Ora, verdadeiramente: transição para voltar aos inimigos do povo hebreu,
os egípcios, que adoravam, além de seus ídolos, os de outras nações.
Bíblia Ave Maria (Sabedoria 16:1.5-7) 1.Por isso, foram justamente castigados por animais dessa espécie e atormentados por uma multidão de animais;
[...] 5.Efetivamente, quando o cruel furor dos animais os atingiu também, e quando pereceram com a mordedura de sinuosas serpentes, vossa cólera não durou até o fim. 6.
Foram por pouco tempo atormentados, para sua correção: eles possuíram um sinal de salvação que lhes lembrava o preceito de vossa Lei. 7.E quem se voltava para ele era salvo, não em vista do objeto que olhava, mas por vós, Senhor, que sois o salvador de todos.
NOTAS: 16,6. Sinal de salvação:
a serpente de bronze.