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Compêndio da Doutrina Social da Igreja

“457. Os resultados da ciência e da técnica são, em si mesmos, positivos: os cristãos “longe de oporem as conquistas do engenho e do esforço humano ao poder de Deus, e de considerarem a criatura racional como uma espécie de rival do Criador, (...) estão, ao contrário, bem persuadidos de que as vitórias do gênero humano são um sinal da grandeza divina e uma conseqüência dos Seus desígnios inefáveis” [950]. Os Padres conciliares ressaltam também o fato de que “quanto mais cresce o poder do homem, tanto mais se alarga o campo das suas responsabilidades, tanto individuais como coletivas” [951], e que toda atividade humana deve corresponder, segundo o desígnio de Deus e a Sua vontade, ao verdadeiro bem da humanidade [952]. Nesta perspectiva, o Magistério tem repetidas vezes sublinhado que a Igreja católica não se opõe de modo algum ao progresso [953], antes considera “a ciência e a tecnologia ... um produto maravilhoso da criatividade humana, que é dom de Deus, uma vez que nos forneceram possibilidades maravilhosas, de que beneficiamos com ânimo agradecido” [954]. Por esta razão, “como crentes em Deus, que julgou “boa” a natureza por Ele criada, nós gozamos dos progressos técnicos e econômicos, que o homem, com a sua inteligência, consegue realizar” [955].
458. As considerações do Magistério sobre a ciência e sobre a tecnologia em geral valem também para a sua aplicação ao ambiente natural e à agricultura. A Igreja aprecia “as vantagens que advêm – e que podem advir ainda – do estudo e das aplicações da biologia molecular, completada por outras disciplinas como a genética e a sua aplicação tecnológica na agricultura e na indústria” [956]. Efetivamente “a técnica poderia constituir, com uma reta aplicação, um precioso instrumento útil para resolver graves problemas, a começar pelos da fome e da enfermidade, mediante a produção de variedades de plantas mais progredidas e resistentes e de preciosos medicamentos” [957]. Contudo é importante reafirmar o conceito de “reta aplicação”, porque “nós sabemos que este potencial não é neutro: pode ser usado tanto para o progresso do homem como para a sua degradação” [958]. Por esta razão, “é necessário. ,.. manter uma atitude de prudência e examinar com olhos atentos a natureza, a finalidade e os modos das várias formas de tecnologia aplicada” [959]. Os cientistas, portanto, devem usar “verdadeiramente as suas pesquisas e as suas capacidades técnicas em serviço da humanidade” [960], sabendo subordiná-las “aos princípios e valores morais que respeitam e realizam na sua plenitude a dignidade do homem” [961].”



Obs.: As expressões no texto entre colchetes ou parêntesis destacadas na cor azul não fazem parte do original.